É incrível como as nossas ideias de utilidade e futilidade possam caminhar lado-a-lado, numa linha tão tênue. Por estar sem internet em casa, faço minhas Crônicas sempre na mesma Lan House; talvez por mania ou, quem sabe, por mera adaptação. O certo é que, assim como o meu amigo escritor Levi Lafetá, utilizo sempre a mesma máquina, a mesma cadeira, na mesma Lan.
Mas, na segunda-feira, aconteceu-me um fato inusitado. Conversando com a atendente do local, sobre, entre outros assuntos, o vício de escrever para este Blog; ela disse que utiliza a internet apenas para coisas úteis. Calei-me e fui para junto à máquina, a fim de escrever o texto daquele dia. Fato é, porém, que aquelas palavras não sairiam de minha cabeça.
O que seria o útil e o fútil. Será que todas as mais de 170 Crônicas que escrevi neste espaço foram todas inúteis? Será que os escritos de Drummond, de Vinícius, de Bandeira, de Levi, as charges do Mata... tudo isso foram coisas inúteis. Fiquei inculcado com a ideia de que em minha minúscula cidade, onde a maioria dos habitantes pratica algum tipo de arte: música, poesia, artesanato, pintura... ainda haja espaço para o pensamento retrógrado de que a arte seja futilidade.
No texto de ontem falei sobre as duas crianças que, mesmo sem me conheceram, pediram a bênção. Hoje, paradoxalmente, falo sobre uma moça, em plena capacidade mental, que desconhece as utilidades da arte. Enrolo-me todo em meus pensamentos e volto a duvidar: Será que a vida ainda tem jeito? Será que ainda temos um caminho certo a seguir? Não sei ainda a resposta e, talvez por não sabê-la, continuo a escrevinhar minhas humilíssimas Crônicas.
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