quinta-feira, 28 de outubro de 2010

VAZIO

VAZIO

Um velho fogão de lenha
Com lenha seca e velha
Pra esquentar o feijão;
Uma velha de lenço
Pra tampar os algodões
Em sua cabeça;
Lá fora o sol a pino;
Ao longe uma nuvem
Acinzentada pela poeira
E a fumaça que sobe dos
Fornos;
Na velha cabeça sob o lenço
Uma tristeza profunda
Vagueia em busca de um
Horizonte,
Em busca de um sonho,
Em busca de uma vida que
Sempre quisera
E não fora
Não fora.


Elismar Santos, 25/10/2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

CARVOEIRA

CARVOEIRA

“Eu já não cria que existisse mais”

Muito era tarde demais.
Na cacimba, uma jia filtrava a água ;
Antônio cortava lenha nos eucaliptos
No meio de onças , cobras, cabras e
Passarinhos e outros tantos bichos;
Um litro de pinga tilintava geladinho
Na anca fria de um triste cupim.
Quanto dó eu tinha de Maria,
Na beirada do fogão
Até o cair da noite
Molhando a barriga negra na bacia
Até que a tarde caísse
Se dando no jirau duro e barulhento
Até que raiasse o dia
Sonhando um horizonte todo azul
A cada serviço que fazia.
Já disse que muito era tarde demais...
Na cacimba gota d'água não mais tinha;
O fogo a lenha queimou;
Antônio, a onça comeu ;
Os bichos, a seca matou ;
Maria (quanto dó eu sentia),
De tristeza, pra vida morreu.

Elismar Santos Montes Claros, 25/05/2004

vem aí o terceiro livro de elismar santos: poesias, alimento para a alma.
aguarde!!!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010