domingo, 30 de abril de 2017

NO BANCO

Quase sempre vou a Coração de Jesus, permanecendo algumas horas, a fim de resolver alguns pequenos problemas, pagar algumas contas e rever os parentes. Mas, eis que numa dessas, dentro do banco, um sujeito começou a me encarar. Firmei as vistas na tentativa de reconhecê-lo, mas, como não tivesse êxito, resolvi despistar.

Peguei o celular e, como quem se aviasse de algo sério, comecei a cutucar a agenda, rever algumas fotos, brincar com as teclas já gastas do telefone. Tarefa inútil. Uma mão firme tocou o meu ombro e, ao atentar-me, ele já me apertava a mão com um sorriso escancarado:

- Há quanto tempo, meu amigo! Pensei que não o veria mais, mas quem é vivo sempre aparece. Não é verdade?!

Tentei buscar pela memória, procurando no seu rosto sorridente, algo que ligasse a pessoa a algum nome. Inútil. Não havia jeito de me recordar. Talvez fosse algum amigo de infância, um colega de farra, algum ex-aluno. Não tinha jeito.

Creio que ele não percebera o meu embaraço e, antes que eu confabulasse qualquer resposta, continuou a desfiar seu parlatório:

- Rapaz, como anda a família, os meninos?... Lembro-me, como se fosse ontem, das nossas conversas, o futebol, as noites de farra... Mas tudo isso são coisas passadas, né? Eu sei como é. Eu também me casei, com a Andréia, lembra dela? Muito gente fina, a Andréia. Meio doidinha, mas não posso me queixar...

De fato, lembrava-me de várias Andréias: colegas, amigas, alunas. Talvez se referisse a algumas delas. Ainda tentei intervir, mas, o meu interlocutor não se calava.

- Estamos planejando um filho pra esse ano. E já vou lhe avisando, você vai ser o padrinho. Então, já posso chamar de compadre! Isso é... Se você aceitar. Você e Catarina, Claro! Não poderia deixar a Cata de fora. Aliás, como ela está? Fiquei sabendo que não estava muito bem de saúde...

Eu já ia dizer que não era eu o seu amigo. Afinal, não sou casado com alguma Cata e nem mesmo sei quem é Catarina. Mal abri a boca, quando o televisorzinho à nossa frente chamou pelo seu número. Abraçou-me rapidamente e despediu-se:

- Ficamos assim, então, Ricardo: Conversa com a Cata e, depois, me responda. Ainda moro no mesmo lugar. Depois que a Andréia resolveu ficar de vez, a casa anda mais arrumadinha, mas a fachada ainda é a mesma. Abraço, amigão e vê se não desaparece!


Não deu tempo de me despedir, e nem dizer que não sou o Ricardo. Ainda assim, obrigado pelo convite.

sábado, 29 de abril de 2017

CRÔNICA INTERIORANA

Apenas hoje pensei sobre o assunto e, sinceramente, creio que talvez seja um pouco mais difícil ser cronista no interior do que nas capitais e grandes cidades. Afinal, em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e BH, são várias as histórias que se apresentam aos olhos do autor, esperando pelo momento em que a luz lhes seja apresentada.

Todos os dias acordo com o som do galo no quintal e os pássaros alvoroçados na goiabeira, bem ao lado da casa. Um Sabiá todos os dias, invariavelmente, vem bicar o pára-brisa do carro, enquanto a gata mia na cozinha, à espera do seu lanche matinal.

Os vizinhos seguem sempre a mesma rotina: o dono do boteco levanta as portas exatamente às seis e meia da matina; o vendedor de biscoito levanta às seis, e, às sete, sai com sua bicicleta abarrotada de “Biscoito Caseiro e Bolo!”; uma senhorinha sai à rua, com a cara ainda amassada, tomando o seu café, enquanto as varredeiras varrem a rua.

Às vezes chove, mas quase nunca faz frio, a não ser nos meados do ano, de abril à Junho. De resto, é calor o ano todo; com pouca água, vento, pássaros cantando e os homens bebendo e gritando no boteco. Vez ou outra uma briga, uma fofoca, mas nada que valha uma Crônica, nada que gaste uma pena.

Talvez, por isso, grande parte do que escrevem por estas bandas sejam floreios, devaneios, ou poesias. As notícias são sempre as mesmas, e chegam pela boca de fulano, que ouviu de beltrano, que ficou sabendo por cicrano. Nas grandes cidades é diferente: os carros andam de um lado a outro durante todo o dia, como se fossem máquinas que comem gente; os prédios crescem da noite para ao dia, como se fossem plantas carnívoras e os sonhos são perseguidos à bala, como no Velho Oeste.


Ainda assim, não invejo os que me escrevem de lá. Prefiro ficar quietinho no meu canto, deitado na rede, tomando a minha cevada, a espera do exato momento em que a Crônica me chegará, sorrateira e produzida, como a mais bela modelo brasileira, numa inspiração casual. Sem pressa e nem palpitações, com os sonhos sussurrando nos meus ouvidos, até que o sono me aconchegue lentamente nos seus abraços. 

sexta-feira, 28 de abril de 2017

SAUDADES ADOLESCENTES

- Oi, amor, ainda se lembra de mim? – Como poderia esquecer? Quando o telefone tocou, uma sensação ruim bateu-lhe na ideia. Não lembrava mais dele, mas o subconsciente sempre apronta uma dessas. Não dissera mais nada, apenas aquela frase tentadora.

            Estava casada, tinha filhos, um marido amoroso e uma vidinha tranquila. Um dia, sonhara ser bailarina, cantora, bancária, ter bastante dinheiro, vários namorados, passear pelo mundo, despreocupada, despida de ocupações, curtindo a vida. Agora, mulher casada, mãe de família, queria apenas o sossego da rotina familiar.

            Desligou o telefone antes que o indesejado interlocutor pudesse mencionar qualquer palavra. Como ele encontrara o seu telefone? Quem lhe dissera onde estava? Será que ele sabia tudo sobre a sua vida? Como estaria ele, tão belo quanto antes, ou teria envelhecido, com a barba branca e os cabelos idem?

            Não podia estar pensando aquilo! Era uma mulher casada, com filhos... Com uma reputação a zelar. Benzeu-se por três vezes, deu três batidinhas sobre a mesa, queria tirar toda a zica que estivesse sobre si.

                         E agora? As lembranças teimavam em plantar-se em sua mente. Quantas foram as vezes em que ele viajava e ela ficava dias a esperá-lo, recostada na janela, como naqueles velhos filmes americanos. Era doida por filmes, por várias vezes foram ambos ao cinema, ele chegava no seu caminhão, pegava-a pelo braço e ela deixava-se levar por aquela paixão adolescente, sonhando contos de fadas.

            Tudo aquilo eram apenas sonhos. Ele nunca haveria de lhe fazer serenata, roubar-lhe no meio da noite ou , ao menos, levá-la ao cinema. Ligasse de novo e ela haveria de lhe jogar tudo na cara. Cafajeste! Ela era apenas uma mocinha apaixonada e ele se fora, deixando-a com o coração partido e as lágrimas descendo pelo rosto juvenil.


            Já era tarde quando o telefone tocou. Antes que a pessoa lhe dissesse algo, ela sussurrou: - Amanhã as oito, na pracinha da igreja. Mas vem mesmo, que estou com saudade! – Desligou o telefone rapidamente; tinha medo de que não fosse ele do outro lado. 

O ENTERRO DE JUCA PESSOA


Entremeando o rosário e as ladainhas, apenas o silêncio. Eram poucos os que acompanhavam o féretro; gente simples, amigos do falecido. Todos ali se sentiam tristes, como acontece em todo velório, mas, apenas Francisca chorava.  E fazia-o copiosamente, sendo amparada por duas velhinhas de cara cansada. Ela tinha os pés descalços e vestia-se com um gasto vestido branco que deixava transparecer suas formas de menina-moça, com os seios durinhos e as coxas grossas.

O padre ia junto do caixão, o suor lhe escorrendo pela testa, quase cozinhando debaixo da batina. Francisca ia à sua frente, e isso lhe causava ainda mais calor. Às vezes, olhava para cima, como que a procura de alguma nuvem que lhe abrandasse o calor daquele dia; mas não choveria, não haveria de chover por um longo tempo. A falta de chuva, a fome, as guerras familiares, tudo isso seriam o carma daquele povo. Feliz era o defunto, que descansava de tudo aquilo.

Nos botecos, homens bebiam suas tristezas e, quando avistavam o caixão, punham o copo sobre o balcão, tiravam o chapéu da cabeça e benziam-se em respeito ao morto. Depois, voltavam às suas tristezas e abrandavam-se nas bebidas e piadas chulas. Ainda assim, enquanto o féretro partia, falavam de Francisca e o seu futuro, conjecturavam a sua virgindade e apostavam sobre quem haveria de quebrar o seu cabaço.


Juca não escutava nem sentia aquelas falsidades e debilidades humanas. Vestido da sua roupa domingueira, as mãos postas ao peito, a barba feita e em completa falta de sentimentos, dormia tranquilamente no caixão, sem saber se um dia voltaria, sem se preocupar com o futuro de Francisca; sem nem mesmo agradecer aos préstimos de Meneandro ou tomar um último trago de pinga com o padre. Apenas descansava e deixava que o levassem pela Coronel, naquele sol escaldante de dezembro.  

quinta-feira, 27 de abril de 2017

SENHORA

Sinta, formosa senhora,
O palpitar do meu peito
Ao vê-la nesta alba hora
Com seu canto assim perfeito.

Mesmo os pássaros canoros
Oh, criatura angelical,
Findam seus gritos sonoros
Sofrendo o amor mais letal.

E as flores , dantes perfeitas,
Ante o reflexo frememte,
Escondem-se, contrafeitas,
Da sua beleza caliente.

Por fim, os céus tão anis,
Enrubescem claudicantes
Feito fossem colibris,
Enamorados e amantes.

Sinta, dengosa senhora,
O crepitar do meu peito,
Ao tê-la nesta alba hora
Tornando meu corpo em leito.

O HOMENZINHO

Da janela da velha casa, o homenzinho observava a mulher que subia a rua com o menino escanchado nas suas ancas. Era uma mulher jovem, quase uma balzaquiana, de longos cabelos negros e olhos cansados. O menino já era grande, talvez contasse os seus cinco ou seis anos de idade, gordinho e preguiçoso.

O homenzinho, já velho e adoecido, observava a rua todos os dias e, sempre via as incongruências que a vida pregava aos transeuntes: a mulher cansada que carregava o menino gordo no colo, o velhinho que sempre subia a rua puxando uma enorme carroça com papelões, as crianças que durante todo o dia pediam esmolas no semáforo da esquina ou roubavam na esquina do semáforo, as mulheres que se prostituíam todas as noites na mesma esquina...

Um dia, quando o homenzinho conversava com outro velho da rua debaixo, ouviu de um rapazinho que passava falando ao celular que o problema da sociedade eram os velhos, peso morto, um estorvo social. O outro velho, indignado, disse que o problema eram os jovens, que não valorizavam a sabedoria dos antigos. Uma mulher, que passava apressada, gritou, já quase chegando ao outro lado da rua, que o problema eram os políticos, que nunca pensavam no bem do povo.

O homenzinho, sempre quieto no seu canto, com vergonha até mesmo da sua existência, lembrou-se da mulher carregando o menino gordo e preguiçoso, do velhinho puxando a carroça, das crianças que pediam e roubavam, das mulheres que se prostituíam e, ainda que silenciosamente, apenas para si próprio, vaticinou: “A culpa é da sociedade, que não tem mais jeito”.


Durante todos os outros dias, toda a rua continuou como dantes, com os mesmos problemas, as mesmas injustiças e os mesmos erros. Todos os transeuntes continuavam a sua triste caminhada e ninguém notou o sumiço do homenzinho. Nem mesmo o velho da rua debaixo, que nunca mais voltara àquela janela.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

NOSSO ESPÍRITO CATRUMANO

Enquanto meu quarto livro apronta-se, devendo sair da gráfica em uma semana, aproveito para ler as obras dos meus confrades; conhecendo, assim, um pouco mais da minha cidade e, indubitavelmente, aumentando o meu conhecimento literário. Desta forma, durante esta semana, saboreei os poemas românticos de Ubirajara, na sua obra “Minhas Rimas” e os ensinamentos do Dr. Ildeu em “A Saga de Um Médico do Interior”.

É inegável a grandeza do poeta e do autor, mais que isso, é interessante como nas duas produções se tem um vívido retrato do Catrumano. Esse sujeito que, nascido debaixo do escaldante sol norte-mineiro, traz arraigado em seu âmago a força e a rusticidade de quem sempre teve que lutar pela sobrevivência, enfrentando as nuances do lugar ou saindo em busca de novas conquistas, sem, contudo, deixar-se tomar pelos fascínios de outros mundos.
Não há dúvidas de que os poemas de Ubirajara sejam românticos. Ainda assim, não queira qualquer leitor desavisado buscar em cada verso os devaneios de Álvares de Azevedo, Castro Alves ou de algum outro Romântico brasileiro. Esta obra é dura, sem rimas melodramáticas ou exaltações melosas. O que há são palavras duras, no sentido mais cândido da palavra, feito o indivíduo que ama a sua musa, protege e faz como que ela sinta-se em segurança nos seus braços. Dessa forma, não se têm apenas palavras, mas, todo o sentimento de um verdadeiro catrumano.

Na varanda, li toda “A Saga de um Médico do Interior” em céleres duas horas de viagem, e prouve-me descobrir que, mesmo se tratando de uma obra escrita por um médico, com todo o seu conhecimento profissional e educacional, não encontraria naquelas linhas meras palavras cultas, com todas as dificuldades que vários autores se orgulham de inculcar aos seus leitores. Ildeu, de forma magistral, transmitiu nos seus escritos, em meio a deliciosas recordações e belíssimas fotografias, toda a simplicidade e objetividade do norte-mineiro, demonstrando que, mesmo galgando novos caminhos, com incontáveis voos e conquistas, nunca devemos esquecer as nossas origens, não nos esquecendo jamais de, ora ou outra, retornarmos ao nosso pequeno interior.


Resta-me, portanto, enquanto espero “O Poeta e Suas Lavras”, agradecer aos mestres pelos momentos de encantamento e autoconhecimento e aguardar pela leitura das tantas outras obras que virão. E tenho dito!  

segunda-feira, 24 de abril de 2017

ESPERANÇA

Que todos os homens
Brancos negros ou pardos
Se desnudem
                  E mudem.

Que não queiram ter
Mais do que ser
Caminhando solitários
Por este mundo vazio.

Que a vida não se resuma
A sonhos inconclusos
Glórias esparsas
E louros passados.

E que tudo, por fim,
Valha sempre a pena
E não seja fogo fátuo
A morrer na escuridão.

sábado, 22 de abril de 2017

FILOSOFIAS

Calor de 29 graus em São João da Lagoa. A camisa jogada sobre a mesa e as ondas do computador batendo violentas contra meus óculos. Uma cadeira descansa debaixo do biribazeiro, talvez a espera de que alguém se assente para olhar os céus, para pensar a vida. E eis que me vem a lembrança do Patriarca dos Buendia, que, mesmo depois de morto, estava sempre debaixo de uma grande árvore, dando conselhos aos seus.  

Não compreendo bem a ligação dos Buendia com este texto, mas, frente à falta de assunto que me assola neste instante, até mesmo uma mera lembrança me serve para aviar a centelha que me brota dos teclados já quase ininteligíveis do computador.

É público e notório que “Cem Anos de Solidão” e “Grande Sertão: Veredas” são os melhores livros que li até o momento; e, frente à distância que parece haver entre ambos, vejo-me na obrigação de explicar o porquê da lembrança de tão grandes obras.

A verdade é que, embora escritas em tempos longínquos, essas ainda são um retrato de nosso tempo, haja vista que vivemos em uma sociedade surreal e melancólica, sempre em busca de nos encontrar, sem, contudo, nunca nos achar. Mesmo na era da informática, com tantas redes sociais e a aparente proximidade entre os homens, ainda somos seres solitários, incompreendidos e desesperados.


É provável que vivamos um círculo vicioso, sempre dando voltas em torno de nós mesmos, sem nunca conseguir nos compreender. Talvez, por isso, nunca tenhamos encontrado o tempo necessário para nos assentarmos à beira do caminho, debaixo de alguma árvore ou à margem de um rio, para olharmos os céus e, assim como o velho Buendia, visualizarmos o nosso interior, a fim de encontrarmos as respostas para tudo o que não compreendemos. E, assim, continuamos solitários, numa eterna travessia.   

sexta-feira, 21 de abril de 2017

UMA ACADEMIA CORJESUENSE

Na noite de ontem, tornei-me um imortal; mas, o melhor de tudo foi ouvir da minha filha: “Papai, você, agora, não morre mais!”. Se aprovada a Reforma da Previdência, creio que isto não seria uma boa ideia... Mas, a Reforma são outros quinhentos. Passemos, então, à Cultura, à Cerimônia de Posse, à Vida.


 Dia tenso. Intenso. Como de costume, antes das seis da matina, já estava de pé. Precisa dar um pulo em Montes Claros, mandar ao prelo meu quarto livro, o terceiro de poesias: O Poeta e Suas Lavras. E a verdade é que a confecção de uma obra está ficando sempre mais cara, além de, financeiramente, não dar grande retorno. Talvez, por isso, todos os escritores já tenhamos na ponta da língua o pensamento de que o maior valor são a documentação da obra e a aceitação do público.


Cabeça doendo, calor infernal, correria sempre. Até que chegasse a noite, havia coisas para resolver, terno para experimentar, soluções a serem inventadas. Mas, eis que era chegado o grande momento. É verdade que havia muita gente na Câmara Municipal, para prestigiar a Cerimônia de Posse dos Confrades da Academia de Ciências, Letras e Artes de Coração de Jesus; ainda assim, os que nos prestigiavam eram bem menos do que desejávamos. E não falo por mim, ou pelo meu ego, mas, pela Cultura, que vem perdendo força, cada vez mais. Faltou maior presença da população, faltaram mais autoridades, não faltou emoção.



Cerimônia rápida, objetiva; deveras emocionante. Certamente que muitos haverão de falar que faltaram estes ou aqueles na nova Academia; outros indagarão que um ou outro não merece a honraria. Mas, tudo ao seu tempo, tudo ao bel-prazer do implacável tempo. Cabe a nós, no entanto, lutar sempre para que a nossa Cultura sobreviva e, sobretudo, que cresça e apareça sempre mais, sem nos preocuparmos tanto com o dinheiro ou as benesses de ser um imortal, mas, com o pensamento altruísta de que, a partir de agora, somos nós, os maiores responsáveis pela promoção e propagação da Cultura corjesuense. E tenho dito!

sábado, 15 de abril de 2017

LEMBRANÇAS

Algumas figuras da infância sempre voltam, em forma de lembranças, com seus sorrisos, seus gritos, suas vozes e encantos. Estes são vultos do passado que, mesmo sem a importância histórica de tantos políticos e nomes famosos, teimam em eternizar-se pela importância pessoal, por simplesmente terem nos presenteado com suas convivências quase diárias.

Quando criança, eu saía pelas ruas vendendo pães de queijo para Marlene, coxinhas e empanados para Edina e os geladinhos que minha mãe fazia. E, enquanto seguia pelas ruas ainda cascalhadas do Buriti, ouvia os gritos de Zé Planeta gritando: “Olha o pão de queijo quentinho, quentinho! Tá quentinho, tá quentinho!”. É bem verdade que já não tenho a sua imagem firme em minhas retinas, mas ainda ouço a sua voz e ainda me recordo, fielmente, do cesto de pães de queijo que sempre trazia dependurado em um dos braços.

Naquela época ainda tinha o Lila, com seus copos de lata e sua voz fina, estridente, sempre a sorrir e contar causos, como se a vida fosse desprovida de qualquer problema que valesse resmungar. Já o conheci velho, meio curvo e muito magro, mas a lembrança que me resta é a sua felicidade. E isso me basta.

Luís Boló sempre chegava com seu carrinho cheio de frutas e verduras. Vendia alguns amendoins, dois pacotinhos de laranja e assentava-se debaixo do pé de sete-copas para um dedo de prosa com meu pai e os outros Josés que sempre estavam por ali: Zé Motoca, Zé Luís, Zé Lopes e tantos outros que iam se achegando. 

E o que dizer de Tone Ferro-Velho, que sempre estava no boteco de Norato, com Jacinto e Zé de Luca, cheirando um “Torradin” e jogando “Purrinha”! Não se pode dizer que eles falavam qualquer mentira, a verdade é que apenas viviam, com suas anedotas e as mesmas velhas piadas de muito tempo.


E, assim, passa-se o tempo, como um solitário caminho, em que a solidão constante é entrecortada por vultos marcantes que vão e voltam, numa eterna gangorra, em que o final é quando menos se espera.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

NOSSAS FÉRIAS

        Quando pequeno, íamos á roça. E esse acontecimento, para nós crianças, era uma festa. geralmente, íamos no período de férias e ficávamos todo o final de semana. Queríamos permanecer ali por mais tempo, mas meu pai tinha serviços por terminar e, o pior, não podíamos perder o carro do leite, senão, apenas na outra terça-feira. Uma eternidade para o velho.

         Como ainda não tivéssemos o Abacatinho, um velho Corcelzinho verde, que por muito tempo fora o xodó da nossa casa, tínhamos que madrugar para pegar o carro, na casa de Pita, o dono do caminhão do leite. Isso era sempre na sexta-feira. Às vezes íamos na quinta à noite, no caminhão do Pituxo, um típico pau-de-arara que fazia a rota todas as terças e quintas, carregando gente, bichos, feira e tudo o mais que se pudesse carregar. Mas meu pai tinha que trabalhar e era melhor que fôssemos mesmo na sexta.

     Pita não cobrava pelo frete, íamos de carona, na carroceria do velho Mercedes, junto às latas de leite, assentados no assoalho, vendo o asfalto que corria por entre as tábuas quebradas. A mãe ia com um lenço na cabeça, enquanto o pai ia contando causos de quando ainda era rapaz e andava a cavalo pelas bandas do Sanharó; as meninas e eu íamos em pé, agarrados à grade do caminhão, com a boca aberta, engolindo o vento que nos batia na cara.

         O carro não nos deixava na porta de casa, por isso, meu pai levava uma bicicleta velha, a qual chamava de Calanga; descíamos todos na rodagem e, ali mesmo, nos separávamos: ele ia para a casa da sua mãe, a nossa Dindinha, enquanto nós íamos a casa de minha avó. Andávamos ainda um tempo até que atravessássemos a pinguela, um tronco jogado à esmo sobre as barrancas do Sanharó. Minha mãe atravessava em pé, equilibrando-se com as bolsas à tiracolo, enquanto as meninas e eu íamos nos arrastando, morrendo de medo de cair lá embaixo. Do outro lado, vovó nos esperava com um sorriso largo no rosto e as panelas chiando no fogão de lenha. Só então eu sabia que estávamos todos em férias.

MANIFESTO DA MODERNA POESIA BRASILEIRA

O mundo tem passado por céleres mudanças, sobretudo, com o advento das novas tecnologias, com as informações sendo transmitidas rapidamente a todas as partes do mundo.

Vivemos uma época acelerada, sem ninguém mais ter o tempo necessário para longas reflexões. O tempo urge, embora ainda tenhamos a necessidade essencial de pensar a vida, de sentir os perfumes, as dores, os amores de outrora.

A poesia também tem passado por grandes mudanças. Mudanças que ocorrem com o tempo, afinal, a poesia é o poeta, e o poeta é o tempo e o meio em que vive. Eis, portanto, a necessidade de que nos modernizemos, sem que percamos a nossa essência: O sentimento.





MANIFESTO DA MODERNA POESIA BRASILEIRA: 





1. O poeta é parte do meio em que vive; por isso, impossível dissociá-los ;

2. Em tempos de guerra e violência gratuitas, a poesia tem que ser o grito da sociedade;
3. A poesia deve ser cantada, decantada e, sobretudo, pensada ;
4. A poesia deve ser, primordialmente, lida e compreendida por todos;
5. Em tempos de céleres acontecimentos, que a poesia seja breve;
6. Em tempos de dor, que a poesia seja lúcida, mas, profunda;
7. O poeta e a poesia sempre se confundem.E a vida surge sempre desta fusão.
8. A poesia é arte, mas, ainda assim, deve ser o retrato de uma era;
9. A métrica, a rima e as nuances poéticas são relevantes, mas, não fundamentais;

10. A Moderna Poesia Brasileira é o sumo de todas as Escolas Literárias, de forma lúcida e solidária.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

O HOMEM E O SEU CAMINHO

Segue o homem solitário
Troteando o seu caminho
Com o peito a soluçar.
Ainda assim:
       Placidamente sonha.

E seus sonhos são sinceros
Como sempre devem ser
Os pobres sonhos sem futuro.
Ainda assim:
           Dignamente ele sonha.

Do caminho a metade
Passam os passos apressados
Sem saber o que buscar.
Ainda assim:
            Firmemente ele sonha.

Sopra o vento da saudade
Nos ouvidos do senhor
A vontade de parar.
Ainda assim:

    Tristemente ele segue.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

FERIADO

Com a caixa de engraxate, o menino desce a rua lentamente. Vai pela São Geraldo. Empaca de frente à eletrônica do Zezinho, fica por alguns segundos a namorar as televisões e os rádios velhos. “Um dia ainda compro uma televisão dessas, só pra assistir Jaspion o dia inteiro!”.

Na rua dos Correios, quebra à direita. Passa de frente ao açougue, cumprimenta Duzinha, abaixa-se para não bater com a cabeça no orelhão. E sempre acha que ele fora colocado em lugar errado: “Como é que pode, todo mundo tem que negar dele. E o pior, ninguém usa!”.

A rodoviária ainda está vazia. Os ônibus só chegam às dez, e ainda nem são nove. Quem sabe na porta do banco. Lá já deve ter alguma fila, ainda que não seja dia de pagamento. Desce as escadas acelerado; passa nos jardins da prefeitura. “Um prédio tão bonito, pra uma cidade tão descaprichada!”.

  De frente o posto, vê alguns carros enfileirados. Um motorista desce do carro, vai até o escritório e volta, alvoroçado: “Não tem gasolina nessa joça!”. Melhor nem parar ali; segue pela avenida, com a caixa dependurada por uma cordinha fina. Vai pensando besteiras, cantando baixinho alguma musiquinha, criando histórias que não acabam.


Na praça, nenhuma alma viva. Para de frente à igreja, benze-se e continua. Para na porta do banco, tudo está calmo e nenhum caixa pra atender. Dá meia-volta e põe-se a caminhar. Um homem, preguiçoso, caminha pela praça com os braços cruzados, como quem nada tivesse pra fazer. “Ô, moço, eu queria saber se o banco não abre hoje!”. O homem não interrompe sua lenta caminha e, sem olhar para trás, responde: “Vai descansar, moleque, hoje é feriado. Ninguém trabalha!”

sábado, 8 de abril de 2017

O MENINO JORNALEIRO

A bicicleta vermelha sobe devagar. O sol está quente e nenhuma nuvem empresta sua sombra ao jornaleiro. Como proteção, um boné de aba reta tapando a testa e uma camisa do Chapolin. Os jornais seguem debaixo do braço, às vezes descansando sobre um dos joelhos. As notícias não são mais gritadas como antigamente. Ao invés dos gritos do menino, o que se ouvem, vez ou outra, são os gritos dos leitores a pedirem “Um Tempo aqui, ô, seu menino!”.

Nas descidas, os jornais jogam-se nos joelhos, segurados por uma de suas mãos. A bicicleta, silenciosamente, cumpre todo o seu roteiro sem qualquer indagação. Segue como se aquele fosse o seu mais importante objetivo: fazer com que o menino jornaleiro leve as informações necessárias a cada leitor que ansiar.

O menino já lera o seu jornal. Também sabe ele que todos os leitores já conhecem as notícias do dia; afinal, com a internet e as mídias sociais, todo mundo já deve saber de tudo logo ao acordar. Mas, o jornaleiro compreende as necessidades de cada um. Não se trata apenas de ler as notícias do dia; mas da eterna rotina de esperar pelo jornal, sentar-se à mesa com o café ainda fumegante, degustar cada letra, cada frase, cada página do jornal.


E, assim, cúmplice de cada leitor, o jornaleiro segue a sua rotina, montado na sua vermelha bicicleta, subindo e descendo sempre as mesmas ruas com os jornais debaixo do braço, ou descansando sobre os joelhos. E a segue lentamente, placidamente, como se o futuro fosse apenas um pontinho brilhante no fim do túnel desta vida descabida.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

DIÁRIO DE BORDO, CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Viagem longa, morosa, numa noite sem nuvens, acompanhados por uma lua tímida e preguiçosa. Saímos já perto da meia-noite, deixando um dos nossos para trás: problemas burocráticos emperraram a sua ida, por isso, deixamo-lo na retaguarda, cuidando dos assuntos locais.


 Viagem cansativa, pesada, com a ansiedade sendo quebrada ora ou outra por uma piada, uma gargalhada, uma parada à beira da estrada para esticar as pernas. Durante toda a noite seria assim, com o sono a pestanejar as pálpebras, sem querer cerrá-las.

Viagem bruta, cheia do espírito de luta. O sol chegara quente, queimando-nos a face através da janela lacrada; nem mesmo o ar condicionado seria capaz de esfriar tamanha ansiedade, tanto calor, enorme vontade de chegar.


Praça em ebulição. Feito formiguinhas pessoas passavam, pessoas chegavam, a vida seguia frenética de um lado a outro da cidade. Dentro de um prédio enorme, destes que não se vê pelas cidades do interior, reunimo-nos todos para uma assembléia. Antes, um café, uma parada para as ablações, um momento para assimilar tudo à nossa volta.

Debates, discussões, palavras de ordem. É indubitável que vitórias foram conquistadas: algumas por inteiro, outras ainda inacabadas; é plausível que a luta continue, afinal, ainda nos restam por que lutar, ainda nos restam por quem lutar. Seria preciso aparar as arestas, decidir entre o recuar e o avançar, replanejar as lutas, para se ganhar as batalhas.

Vida em ebulição, debates, sol a pino. Era preciso repor as energias, difícil seria achar uma mesa onde sentar. Feito formiguinhas, com crachás dependurados no pescoço, feito medalhas no peito, andavam todos de um lado a outro, de cabeça cheia e estômago vazio.

Debates, discussões, palavras de ordem, praça em ebulição. Era preciso votar; seria necessário que se pensasse de forma altruísta, sem individualismos, sem medo, sem receios, com justiça e serenidade. Às vezes é melhor dar um passo atrás, para se assegurar a vitória latente; mas, não nos afastemos, não nos afastemos muito, andemos de mãos dadas.



Viagem longa, morosa, cansativa. Os olhos as vezes pesavam, mas a consciência sorria tranquilamente. Talvez não tenhamos feito tudo o que podíamos, mas, certamente, fizemos o que devíamos fazer; afinal, a luta pode ser inglória, mas as conquistas são como os melhores vinhos da mais nobre adega. E tenho dito!

segunda-feira, 3 de abril de 2017

O POLITICAMENTE INCORRETO

Sentado sobre uma pedra (porque sobre elas é o melhor lugar para se pensar) ele pensava. Mais que isso, lembrava-se de como a vida mudara rapidamente e meditava sobre as consequências de tantas mudanças. Enfim, cria, ainda mais, que antigamente a vida era bem melhor. Não que fosse um nostálgico, até gostava das inovações tecnológicas e da exacerbada libertinagem do novo século; mas, o politicamente correto é que lhe enchia o saco.

Tinha a certeza de que ninguém conhecia o inventor da nova onda, mas, como todas as convenções, aquilo era seguido por uma enorme gama de indivíduos e, por isso, a vida tornava-se cada vez mais chata. Aumentaram-se os direitos de cada um, e, sobretudo, aumentaram-se as cobranças, a vigilância, a autocensura. E isto era a aporrinhação.

Na sua época de jovem politizado, em plena ditadura, simplesmente por questões ideológicas contrárias às forças dominantes, aprazia-se em xingar os negros de crioulos, gasolina, café e coisas do gênero; as prostitutas eram somente putas, enquanto as periguetes eram raparigas. Naquela época, os palavrões eram a ordem da moda, e, surpreendam-se, até mesmo as moças mais recatadas, da alta sociedade, fumavam cigarros e cantavam gírias, putarias mesmo.

Hoje (e isto o incomodava), os pretos viraram afrodescendentes e têm direito à cota de vagas em universidades; as putas viraram profissionais do sexo, enquanto os veados transmutaram-se em homossexuais, com direito a passeatas e comemorações. Não se pode mais desacatar autoridades, não se pode mais fumar cigarro em público, não se pode mais encher a cara e chutar o balde alheio...

E uma imensa agonia arfava-lhe o peito. Era bom o tempo em que “o negro sempre cagava na entrada ou na saída”; que a gordinha virava um “Tribufu” e isto não lhe cabia processo por Bulling; que veado se curava no pau e puta levava uns tabefes para esquentar... Mas, naquele tempo, os militares eram o poder e a autoridade não éramos nós.



Naquele tempo tudo era certo e o errado era estar fora da moda. O politicamente correto era aliar-se aos milicos e sovar os terroristas da esquerda, os comunas, como diziam... Enquanto isso, a pedra parecia andar, devagarzinho, rumo ao imenso desfiladeiro; até que ele despencasse morro abaixo, com suas irracionalidades e toda a sua incorreção.

ANDRELINDO

É verdade, todos nós somos treinadores, jogadores e comentaristas de futebol; assim como também somos médicos, psicólogos e professores. Apesar de tantas habilidades, muitas vezes não fazemos nada direito e nenhuma dessas funções se transforma no nosso ganha-pão.

Exemplo desta distorção humana é o Andrelindo. Rapaz alto e vigoroso, que chegou há pouco do Ribeirinho. Todos os dias manuseava a bomba de gasolina do único posto da cidade e, depois do expediente, dava as suas pernadas na pelada do Pequi-preto.

Em campo, Lindo – chamávamo-lo assim por pilhéria – jogava de zagueiro, lateral direito, lateral esquerdo ou volante, mas, se o time precisasse, fazia as vezes de goleiro, pois acreditava que a coletividade sempre devia prevalecer sobre o individualismo de cada jogador. Mas, a verdade é que Andrelindo não passava de um grande perna-de-pau e, para não perder a sua posição, aceitava que lhe escalassem em qualquer setor dentro das quatro linhas.

Um dia, quando o técnico não pode participar do jogo, por algum problema de saúde, Lindo, sempre solícito, ofereceu-se para ser o nosso professor, e, de súbito, ainda indicou ao moribundo uma garrafada que era tiro e queda no tratamento daquele problema. Assim, começamos o jogo no 4-4-2, variamos ao 3-5-2 e pulamos, já no segundo tempo, para o 4-1-4-1.

Faltavam quinze minutos para o fim da partida, quando Lindo resolvera se escalar. Sacou o nosso centroavante e pôs-se, de toalha e sabonete, no bico da grande área. E, como quem fosse resolver o problema, gritou aos seus comandados:

- Joga a bola ni mim, que eu se consagro. Vou virar esse jogo, cês vão ver!

Com o novo matador, o time passou a atuar no 4-3-2-1. Perdíamos por um a zero, mas, é inegável que ganháramos um ânimo novo. Os zagueiros se matavam em campo, os volantes batiam até na mãe, enquanto os armadores corriam de um lado a outro, preparando a bola para Andrelindo.

De repente, a bola fatal. Era a chance do empate, o início de uma virada histórica. Um desgarrou pela esquerda e correu como louco; chegou à linha de fundo e cruzou uma bola perfeita para o meio da pequena área. Lindo não pulou, ficou olhando a bola, que passou a um palmo da sua cabeça, bem de frente aos seus olhos. O zagueiro adversário pegou a bola, lançou longamente ao atacante e eles marcaram os dois a zero.

Debaixo do pequizeiro, depois da partida, um mais exaltado reclamou:

- Poxa, Lindo, se você pulasse era gol certo. Ficou parecendo um mindingo, sem força nem pra pular!

Andrelindo, pensativo, respondeu sem sobressalto:

- O certo não é mindingo, é mendigo! E ocê que nem jogano tava!


Lindo ainda jogou durante um tempo e nunca mais foi ao ataque. Da última vez que o vi, quando fui a BH, ele perambulava pelas ruas do centro, conversando sozinho, refazendo táticas e cornetando os jogadores.

sábado, 1 de abril de 2017

EM PROTESTO, GALO JOGARÁ CLÁSSICO COM RESERVAS

            Nem Leonardo Silva, Fred e Otero. Todo o time atleticano será reserva no Clássico deste sábado, pelo Campeonato Mineiro. Como justificativa, o presidente, que espera a compreensão da torcida, diz ser inaceitável que num jogo de tamanha importância, em um estádio grandioso como o Mineirão, seja reservado apenas 10% da carga total de ingressos aos torcedores do Galo. Por isso, nada mais justo que a Federação Mineira fizesse algo contra esse descalabro.

            O protesto feito pelo Alvinegro estende-se também contra a CBF, que não convidou os clubes para participarem da reformulação do estatuto da instituição, o que, ainda segundo o presidente do Atlético, é uma afronta aos clubes, que se sentem desprestigiados com tamanho descaso. O mandatário salienta ainda que o Cruzeiro também se comprometera a participar do protesto contra ambas as instituições.

             Ao ser indagado se a questão do ingresso não deveria ser resolvida com o rival e não com a Federação Mineira, Nepomuceno afirmou que com o Cruzeiro não há qualquer problema, mas que a Federação e a CBF são as culpadas por todos os problemas do nosso futebol, este e todos os outros que virão. E que, desta forma, não há volta: O Galo vai a campo com todo o time reserva.


            Para a felicidade de todos os torcedores alvinegros, hoje é 1º de Abril, dia da Mentira. Desta forma, fica a esperança de que o Galo entre em campo com sua força máxima e que ambos os times façam um jogo limpo, cheio de garra e técnica, enfim, um verdadeiro espetáculo num sábado à tarde.