quarta-feira, 26 de abril de 2017

NOSSO ESPÍRITO CATRUMANO

Enquanto meu quarto livro apronta-se, devendo sair da gráfica em uma semana, aproveito para ler as obras dos meus confrades; conhecendo, assim, um pouco mais da minha cidade e, indubitavelmente, aumentando o meu conhecimento literário. Desta forma, durante esta semana, saboreei os poemas românticos de Ubirajara, na sua obra “Minhas Rimas” e os ensinamentos do Dr. Ildeu em “A Saga de Um Médico do Interior”.

É inegável a grandeza do poeta e do autor, mais que isso, é interessante como nas duas produções se tem um vívido retrato do Catrumano. Esse sujeito que, nascido debaixo do escaldante sol norte-mineiro, traz arraigado em seu âmago a força e a rusticidade de quem sempre teve que lutar pela sobrevivência, enfrentando as nuances do lugar ou saindo em busca de novas conquistas, sem, contudo, deixar-se tomar pelos fascínios de outros mundos.
Não há dúvidas de que os poemas de Ubirajara sejam românticos. Ainda assim, não queira qualquer leitor desavisado buscar em cada verso os devaneios de Álvares de Azevedo, Castro Alves ou de algum outro Romântico brasileiro. Esta obra é dura, sem rimas melodramáticas ou exaltações melosas. O que há são palavras duras, no sentido mais cândido da palavra, feito o indivíduo que ama a sua musa, protege e faz como que ela sinta-se em segurança nos seus braços. Dessa forma, não se têm apenas palavras, mas, todo o sentimento de um verdadeiro catrumano.

Na varanda, li toda “A Saga de um Médico do Interior” em céleres duas horas de viagem, e prouve-me descobrir que, mesmo se tratando de uma obra escrita por um médico, com todo o seu conhecimento profissional e educacional, não encontraria naquelas linhas meras palavras cultas, com todas as dificuldades que vários autores se orgulham de inculcar aos seus leitores. Ildeu, de forma magistral, transmitiu nos seus escritos, em meio a deliciosas recordações e belíssimas fotografias, toda a simplicidade e objetividade do norte-mineiro, demonstrando que, mesmo galgando novos caminhos, com incontáveis voos e conquistas, nunca devemos esquecer as nossas origens, não nos esquecendo jamais de, ora ou outra, retornarmos ao nosso pequeno interior.


Resta-me, portanto, enquanto espero “O Poeta e Suas Lavras”, agradecer aos mestres pelos momentos de encantamento e autoconhecimento e aguardar pela leitura das tantas outras obras que virão. E tenho dito!  

Um comentário:

  1. Sem palavras nobre confrade, é um verdadeiro poeta do cerrado, limpo e verdadeiro,,,

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