Quando pequeno, íamos á roça. E esse acontecimento, para nós crianças, era uma festa. geralmente, íamos no período de férias e ficávamos todo o final de semana. Queríamos permanecer ali por mais tempo, mas meu pai tinha serviços por terminar e, o pior, não podíamos perder o carro do leite, senão, apenas na outra terça-feira. Uma eternidade para o velho.
Como ainda não tivéssemos o Abacatinho, um velho Corcelzinho verde, que por muito tempo fora o xodó da nossa casa, tínhamos que madrugar para pegar o carro, na casa de Pita, o dono do caminhão do leite. Isso era sempre na sexta-feira. Às vezes íamos na quinta à noite, no caminhão do Pituxo, um típico pau-de-arara que fazia a rota todas as terças e quintas, carregando gente, bichos, feira e tudo o mais que se pudesse carregar. Mas meu pai tinha que trabalhar e era melhor que fôssemos mesmo na sexta.
Pita não cobrava pelo frete, íamos de carona, na carroceria do velho Mercedes, junto às latas de leite, assentados no assoalho, vendo o asfalto que corria por entre as tábuas quebradas. A mãe ia com um lenço na cabeça, enquanto o pai ia contando causos de quando ainda era rapaz e andava a cavalo pelas bandas do Sanharó; as meninas e eu íamos em pé, agarrados à grade do caminhão, com a boca aberta, engolindo o vento que nos batia na cara.
O carro não nos deixava na porta de casa, por isso, meu pai levava uma bicicleta velha, a qual chamava de Calanga; descíamos todos na rodagem e, ali mesmo, nos separávamos: ele ia para a casa da sua mãe, a nossa Dindinha, enquanto nós íamos a casa de minha avó. Andávamos ainda um tempo até que atravessássemos a pinguela, um tronco jogado à esmo sobre as barrancas do Sanharó. Minha mãe atravessava em pé, equilibrando-se com as bolsas à tiracolo, enquanto as meninas e eu íamos nos arrastando, morrendo de medo de cair lá embaixo. Do outro lado, vovó nos esperava com um sorriso largo no rosto e as panelas chiando no fogão de lenha. Só então eu sabia que estávamos todos em férias.
Cara, viajei!!
ResponderExcluirAH!! Caro Elismar,quão bacana foi esse texto, viajei na minha infância ...nas férias os meninos urbanos, passavam férias nas fazendas de avós .Como era bom...os primos reuniam nas férias.Eu acostumava passar na Fazenda de meus avós, em Jatai interior de Goiás. Saudades...Tomar leite no Curral, levantavamos cedo pra aproveitar mais.Os bolinhos, doces,Pamonha da vovó...comida maravilhosa no fogão de lenha.Frango caipira, angu,Pequi,tudo maravilhoso.Andávamos a cavalo, no carro de boi,..tudo tão natural...os pomares, as hortas sem agrotóxicos...ah! Lembranças que não voltam mais...mas ficarão nas minhas bagagens como relíquia de boas lembranças. Adorei o texto...gosto de falar das minhas raízes...meus avós eram analfabetos ,porém de uma sabedoria invejável é muito importante.
ResponderExcluirAH!! Caro Elismar,quão bacana foi esse texto, viajei na minha infância ...nas férias os meninos urbanos, passavam férias nas fazendas de avós .Como era bom...os primos reuniam nas férias.Eu acostumava passar na Fazenda de meus avós, em Jatai interior de Goiás. Saudades...Tomar leite no Curral, levantavamos cedo pra aproveitar mais.Os bolinhos, doces,Pamonha da vovó...comida maravilhosa no fogão de lenha.Frango caipira, angu,Pequi,tudo maravilhoso.Andávamos a cavalo, no carro de boi,..tudo tão natural...os pomares, as hortas sem agrotóxicos...ah! Lembranças que não voltam mais...mas ficarão nas minhas bagagens como relíquia de boas lembranças. Adorei o texto...gosto de falar das minhas raízes...meus avós eram analfabetos ,porém de uma sabedoria invejável é muito importante.
ResponderExcluirDeu para sentir sua viagem nas férias.
ResponderExcluirEsse texto me fêz lembrar o quanto era feliz e não sabia... Excelente Elismar.
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