sexta-feira, 7 de abril de 2017

DIÁRIO DE BORDO, CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Viagem longa, morosa, numa noite sem nuvens, acompanhados por uma lua tímida e preguiçosa. Saímos já perto da meia-noite, deixando um dos nossos para trás: problemas burocráticos emperraram a sua ida, por isso, deixamo-lo na retaguarda, cuidando dos assuntos locais.


 Viagem cansativa, pesada, com a ansiedade sendo quebrada ora ou outra por uma piada, uma gargalhada, uma parada à beira da estrada para esticar as pernas. Durante toda a noite seria assim, com o sono a pestanejar as pálpebras, sem querer cerrá-las.

Viagem bruta, cheia do espírito de luta. O sol chegara quente, queimando-nos a face através da janela lacrada; nem mesmo o ar condicionado seria capaz de esfriar tamanha ansiedade, tanto calor, enorme vontade de chegar.


Praça em ebulição. Feito formiguinhas pessoas passavam, pessoas chegavam, a vida seguia frenética de um lado a outro da cidade. Dentro de um prédio enorme, destes que não se vê pelas cidades do interior, reunimo-nos todos para uma assembléia. Antes, um café, uma parada para as ablações, um momento para assimilar tudo à nossa volta.

Debates, discussões, palavras de ordem. É indubitável que vitórias foram conquistadas: algumas por inteiro, outras ainda inacabadas; é plausível que a luta continue, afinal, ainda nos restam por que lutar, ainda nos restam por quem lutar. Seria preciso aparar as arestas, decidir entre o recuar e o avançar, replanejar as lutas, para se ganhar as batalhas.

Vida em ebulição, debates, sol a pino. Era preciso repor as energias, difícil seria achar uma mesa onde sentar. Feito formiguinhas, com crachás dependurados no pescoço, feito medalhas no peito, andavam todos de um lado a outro, de cabeça cheia e estômago vazio.

Debates, discussões, palavras de ordem, praça em ebulição. Era preciso votar; seria necessário que se pensasse de forma altruísta, sem individualismos, sem medo, sem receios, com justiça e serenidade. Às vezes é melhor dar um passo atrás, para se assegurar a vitória latente; mas, não nos afastemos, não nos afastemos muito, andemos de mãos dadas.



Viagem longa, morosa, cansativa. Os olhos as vezes pesavam, mas a consciência sorria tranquilamente. Talvez não tenhamos feito tudo o que podíamos, mas, certamente, fizemos o que devíamos fazer; afinal, a luta pode ser inglória, mas as conquistas são como os melhores vinhos da mais nobre adega. E tenho dito!

Nenhum comentário:

Postar um comentário