sexta-feira, 22 de outubro de 2010

CARVOEIRA

CARVOEIRA

“Eu já não cria que existisse mais”

Muito era tarde demais.
Na cacimba, uma jia filtrava a água ;
Antônio cortava lenha nos eucaliptos
No meio de onças , cobras, cabras e
Passarinhos e outros tantos bichos;
Um litro de pinga tilintava geladinho
Na anca fria de um triste cupim.
Quanto dó eu tinha de Maria,
Na beirada do fogão
Até o cair da noite
Molhando a barriga negra na bacia
Até que a tarde caísse
Se dando no jirau duro e barulhento
Até que raiasse o dia
Sonhando um horizonte todo azul
A cada serviço que fazia.
Já disse que muito era tarde demais...
Na cacimba gota d'água não mais tinha;
O fogo a lenha queimou;
Antônio, a onça comeu ;
Os bichos, a seca matou ;
Maria (quanto dó eu sentia),
De tristeza, pra vida morreu.

Elismar Santos Montes Claros, 25/05/2004

vem aí o terceiro livro de elismar santos: poesias, alimento para a alma.
aguarde!!!

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