Deu num jornal, em 1970, que
“Juliana nasceu tricampeã”. Era uma pequena nota a um canto da folha, que tinha
como centro uma grande fotografia da taça Jules Rimet, que, segundo consta, o
Brasil obteve o direito de trazer para casa após vencê-la por três vezes, mas,
que, algum tempo depois, fora furtada e derretida, sem que nunca mais se
tivesse qualquer notícia fidedigna.
Da taça não se teve mais notícia, assim como
também não se publicara qualquer nota sobre Juliana. A menininha, que aparecia
deitada numa cama de hospital ao lado de sua mãe, tornara-se uma mera
desconhecida em meio a tantos brasileiros e, crudelissimamente, nenhuma vivalma
jornalística tivera o interesse de reencontrá-la, saber da sua vida, dos seus
sonhos, ilusões e desilusões.
Se viva estiver, a criança
tricampeã do mundo em 1970 contará hoje os seus quarenta e sete anos de idade.
Diante das tantas crises pelas quais o Brasil tem passado nessas quase cinco
décadas, certamente, Juliana já terá alguns cabelos brancos e deve estar acima do
peso, pois assim estamos quase todos os brasileiros.
Aquela menina já deve ter
filhos e, com a precocidade dos nossos filhos, talvez já seja avó de um ou dois
netinhos muito fofos. Pode ser que seja casada, viúva ou, como de praxe
atualmente, seja separada e já esteja namorando, ou amasiada com algum outro
sujeito. Pode ser que seja uma senhora de classe média, mas, creio eu, é bem
provável que more em algum subúrbio carioca ou de São Paulo.
Tudo isso são apenas
suposições. Resta-me a esperança de que este texto encontre Juliana repleta de
saúde, que ela tenha sido muito feliz nesse quase meio século de vida e que ela
saiba que junto dela, naquele dia, também nasceram muitas esperanças no coração
de cada brasileiro. É bem verdade que muitas ainda não se concretizaram, mas,
como dizem: A esperança é a última que morre.
A menininha tri campeã. Incrível você se lembrar dela! Espero que ela leia seu texto, por sinal muito bom.
ResponderExcluirSomos todos Juliana... acreditar sempre!
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