O CASO DOS POMBOS
ELISMAR SANTOS
Em tempos de globalização, internet, televisão e alto índice de pedofilia, eis que o Fernando me vem com histórias de pombo. É incrível, mas parece que ele tem mesmo sangue doce para estas histórias de antigamente.
Era a hora do recreio e enquanto descansávamos, obviamente, falávamos sobre o assunto de que nenhum professor gosta, mas todos falam na hora do descanso: alunos.
Dentro da sala dos professores fazia um ar pesado, tenso, com um quase insuportável cheiro de giz. Mas o Fernando veio para nos salvar a manhã e, felizmente, esta crônica:
Um dos seus alunos, durante uma de suas aulas de Inglês, pediu-lhe, quase chorando, que ordenasse ao outro para lhe devolver um caderno que havia pegado de sua carteira. Firmemente, o professor ordenou que o meliante, digo, o aluno, devolvesse o caderno do colega; quando foi prontamente negado:
- Não devolvo!
O professor, assustado com a recusa, sentiu-se na obrigação de mostrar firmeza:
- Devolve, moço! Senão lhe dou uma advertência! – Mas o resoluto menino insistia em seu propósito:
- Não devolvo, não. Só devolvo quando ele soltar meus pombos!
- Pombos!?!
- É. Ele pegou meus pombos! E eu só devolvo o caderno quando ele soltar os pombos.
Já no final do recreio, na hora de voltar pra sala de aula, confesso que não conseguia olhar para a cara do professor sem dar-lhe umas boas gargalhadas. E, ainda, para tirar sarro, perguntei:
- E aí, os pombos eram pretos ou acinzentados?!
Coração de Jesus, 21/ 04/ 2010.
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