segunda-feira, 9 de agosto de 2010

SEGUNDA-FEIRA DE PREGUIÇA E POESIA


SEGUNDA-FEIRA DE PREGUIÇA E POESIA



Toda segunda-feira é sempre a mesma coisa. Se perguntassem a mim, diria, sem vacilar, que não deveria ter segunda-feira; por mim, pularíamos, de uma vez por todas, para a terça-feira. Mas, convenhamos, a terça também seria uma chatice só.
A ideia deste pensamento surgiu do fato de que hoje acordei com uma preguiça imensa de ir para o trabalho; afinal, sábado teve churrasco, ontem almoço diferente e, consequentemente, hoje seria o dia mais propício a uma boa preguiça. Fui trabalhar, mas a preguiça e os pensamentos sobre ela permaneceram durante todo o dia.
Contrariando o meu desejo de ficar deitado, curtindo a minha recente amiga, os serviços de hoje foram intensos, todo o dia de labuta, sem tempo pra uma cervejinha, uma conversa fiada ou mesmo um ficar-sem-fazer-nada apenas olhando o tempo passar.
Perambulando pela cidade durante uma parte do dia, olhava, invejoso, os tantos indivíduos que sentam-se à porta da rua todos os dias; cada um com suas reminiscências, seus pensamentos, seus desejos interiores. Quantos não seriam os que queriam um serviço, algo para ocupar o tempo, uma tarefa que lhes fizessem sentirem-se úteis.
Não sei se tenho sido útil, apenas sei que as tarefas me surgem como água, embora estas sejam tarefas próprias que não me trazem dinheiro ou recompensa financeira; mas, convenhamos ainda, como me deixam mais leve, mais tranqüilo, menos poeta.
Não. Não digo que os poetas são homens tomados pela preguiça. Contrariamente, são homens de labuta árdua, sôfrega e pesada. Que me diriam Drummond, Bandeira, Leminski; todos grandes poetas, incansáveis trabalhadores das palavras. Seres desprovidos de qualquer tipo de preguiça; indivíduos que, certamente, haveriam de discordar de minha proposta e diriam: “A segunda-feira é o mais belo dia para uma poesia triste e cadenciada.

Coração de Jesus, 09/08/2010

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