O RIO E A VIDA
Final de semana passado estive em Ibiaí para uma festa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais daquela cidade. Trata-se de uma cidadezinha norte - mineira governada por uma mulher e banhada pelo Rio São Francisco. De fato, uma atração turística bastante interessante.
Nada mais interessante do que, à beira do Velho Chico, entrar em contato com a cultura e a hospitalidade do sertanejo, ainda mais se tratando de um escritor regionalista; tem-se aí um rico material para um próximo livro.
Quando chegamos fazia frio, tal como o foi durante todo o dia. Ainda assim, fomos ao rio. Continua lindo, majestoso, levando em seu âmago todas as singularidades do lugar. No entanto, chamou-me a atenção o fato de, apesar de ainda estarmos em Julho, o mesmo já estar cheio de praias. Um bom sinal para os banhistas que têm um vasto espaço para se divertir, contudo uma tristeza para os que têm a consciência de que, pelo andar da carruagem, ainda o veremos à míngua, bastante seco e quase sem vida.
Aproveitei as suas águas. Molhei os pés, tirei fotografias e diverti-me ao ver as crianças brincando em suas águas. Mas a agonia do Rio São Francisco impregnou-se em minha alma e, embora para muitos seja apenas mais um bocado de água descendo, eu via o seu sangue escorrendo pela foz, com a pele lhe soltando das barrancas, enquanto um caminhão- pipa sugava-lhe a vida eternamente.
Fazia frio naquele dia, mas o coração do Velho Chico batia forte, latente, como se de suas entranhas surgisse um grito agudo por socorro. Enquanto isso, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais tinha comida, bebida, prêmios e muita animação; de fato, uma atração turística bastante interessante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário