domingo, 24 de julho de 2011

A MULHER PERFEITA


A MULHER PERFEITA


Era uma mulher linda e não usava vestido vermelho. Vestia um de cor acinzentada, sem brilho nem pompas. Tinha os cabelos curtos e com um pouco de luzes; os olhos eram vivos e bastante escuros e a boca era simples, mas de um simples que chamou rapidamente a minha atenção.
Vinha dos lados do posto – eu estava num banco da pracinha – como se estivesse indo para os lados da rodoviária. Tinha pressa, mas na se perdia dentro dela. Andava com elegância, deixando que os cabelos curtos balançassem ao sabor do vento cândido que soprava àquela hora vespertina.
Não, ela não sorria. Nem precisava. Sorriamos pra ela. Sorríamos, porque com certeza não somente eu tinha observado aquela mulher de cabelos curtos e olhos vivos e escuros. A rua estava cheia e muitos de nós estávamos sentados nos banquinhos, talvez a espera de alguma poesia, ou de coragem para prosseguir a caminhada.
Trazia uma bolsa a tiracolo e todos os olhares junto a si. Não desfilava, apenas andava apressadamente e com a elegância peculiar às belas mulheres. Passou por toda a pracinha em meio a um silêncio geral. Não olhou para os lados, não me viu, na percebeu que um poeta apaixonava-se naquele instante.
E assim ela se foi. Virou a esquina de um jeito leve, sublime, encantador. Quis segui-la, entregar-lhe uma rosa; dizer-lhe uns versos apaixonados. Mas aquela tarde,aquele sol e aquela paixão exacerbada não me deixavam sair. Por isso fiquei, peguei do meu bloquinho e comecei a escrever.

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