Do jeito que estava não podia continuar! Como é que pode tanta insensatez, tanta estupidez, tamanha falta de sentimento! Elas eram margaridas e não girassois. Mereciam mais carinho, mais cuidado, maior atenção! Mas, o que fazer? O jardineiro tinha que ver que elas estavam irritadas, desgostosas, revoltadas mesmo. Mas tinha que ser algo que chamasse a atenção; não adiantaria fazer cartazes, apitasso ou coisa parecida. Tinha que ser algo para arrebentar a boca do balão!
O silêncio tomava conta do jardim e aquilo trazia um clima pesado para aquele ambiente antes tão formoso. Até que alguma delas deu um grito: "Já sei! E se fizermos uma marcha!?". Pronto, estava resolvido o que se iria fazer, uma Marcha, a Marcha das Margaridas. Passou-se, então, ao itinerário: Daria-se a volta por todo o jardim, passando pelo bosque, chegando-se à beira do lago e, finalmente, retornando-se ao mesmo lugar. Tudo isso se daria no dia seguinte, antes que o sol ficasse à pino.
O dia amanheceu maravilhoso. Sol alto e um azul tão lindo , como a muito não se via. Todas acordaram cedo e puseram-se reunidas em redor da líder. Saíram em fila dupla, de mãos dadas, cantando gritos de guerra e gritando palavras de ordem. Não conheciam todo o parque, nem mesmo o jardim por completo, o que sabiam era apenas o recanto em que viviam e do resto apenas ouviram falar. Mas foram, ainda que sem saber para onde.
Chegaram ao portão. Deveriam dar a volta e chegar para junto do lago, mas eis que uma delas teve a ideia de sairem para a rua e tomarem a cidade. Assim não chamariam a atenção somente do jardineiro, mas do prefeito, do governador, do presidente, de toda a nação. E eis que amanhã acontece mais uma vez a "Marcha das Margaridas".
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