A POESIA BRASILIENSE
A vida é mesmo um quadro cheio de surpresas e incompreensões. Um recanto onde podemos viver amar, desamar, sofrer, alegrar, ou, simplesmente, não sentir nada. As coisas acontecem – ou não, dependendo do que pensamos e, principalmente, realizamos. Por isso cheguei à Brasília: por saber que a vida é imprevisível e que temos, sempre, que tentar decifrá-la.
De fato, a capital não tem esquinas. Assim como também não está pronta. Nós ainda não estamos prontos. Disse ontem a um amigo que a Capital é uma grande cidade com ares de roça. Não me levem a mal: o DF é maravilhoso, com sua arquitetura belíssima e seu movimento ritmado – já estive na paulicéia desvairada e por lá o que se ouve é uma música descompassada e sem um ritmo definido. Brasília não. Aqui o ritmo é cadenciado e, apesar de tanta correria, seus habitantes vivem tranqüilos como se vive numa roça – uma cidadezinha do interiorzão de minas, por exemplo.
Aqui se tem pressa. Mas trata-se de uma pressa calculada, pensada e estrategicamente desenhada por Niemeyer e Costa. Faz apenas uma semana que perambulo por nossa Capital – e ainda não sei se fico ou se volto – mas tenho a convicção de que Brasília é uma música bem feita, com todos os seus acordes milimetricamente traçados e seu ritmo nobre, como deveriam ser todas as grandes capitais.
Faz calor. Estamos no mês Agostino. Ainda assim um bando sobrevoa o meu pensamento cantando, em coro, uma linda melodia matinal. Não; não choro. Não me permito fazê-lo. Mas sinto que uma irretocável poesia se faz dentro de meu peito. Talvez uma letra para se casar com a melodia poética de nossa Capital.
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