Saio cedo de casa e muitas pessoas já estão a caminho. O ônibus está lotado e a poeira sobe pelos ares a cada freada do motorista. Mas, apesar de tudo, todos estamos felizes; afinal: é feriado! Dia da independência do nosso país. Embora muitos ainda me façam a pergunta se realmente somos independentes. Respondo-lhes que não sei. Fácil assim.
Embora tenha parado por várias vezes, a fim de pensar sobre o assunto, nunca consegui chegar a uma conclusão final. Sei que não dependemos mais de Portugal, mas andamos guiados por nações tão poderosas, ou mais, do que a famosa Terrinha. Mas, por hoje, isso é o de menos. O que importa agora é aproveitar, ver o desfile dos militares, dos civis e a apresentação aérea da Esquadrilha da Fumaça.
Finalmente chegamos à Esplanada. A calça social preta toda avermelhada pela poeira do lotação. Sol quente e ainda não são nove da manhã; tempo seco e muitos ambulantes com suas caixas de isopor a oferecer "àgua geladinha, por apenas um real!". Não, ainda não compro a minha garrafinha de água, mas hei de fazê-lo antes de findar as apresentações.
Alguns balões são enchidos no vasto gramado da Esplanada. Acontecerá, após o desfile uma etapa do "Campeonato brasileiro de balonismo". Nunca havia visto um assim tão de perto, são interessante e, só de vê-los, sinto um quê de liberdade, tal qual enquanto escrevo estas linhas. As pessoas, muitas, muita gente mesmo, passam por mim, olham os balões, tiram fotografias; algumas querem dar uma voltinha, mas são desiludidas pelo balonista que diz serem aquelas peças apenas para competição, não para passeio.
O sol, a cada instante que passa, parece esquentar sem qualquer piedade de nós, pobres mortais. Caminho lentamente, talvez tentando encontrar em algum rosto, em qualquer imagem, a síntese, o âmago daquele momento. Não o encontro. Cada ser é um ser diferente e cada imagem é própria; assim, para cada um aquele instante representa um momento uno. Alguns se encontram ali por patriotismo, orgulho mesmo de ser brasileiro; outros, como um grupo que protestava com faixas e palavras de ordem, por dever cívico e amor à pátria; ainda existem outros indivíduos que estão ali por uma mera coincidência, uma ironia do destino, mas que, indiferentes às coincidências e acasos, aproveitam o momento.
Da minha parte, ainda não consegui compreender o porquê de estar ali. Quero apenas assistir ao desfile, ver os aviões com suas acrobacias e, se tiver um pouco de sorte, quem sabe, encontrar a senhora presidenta. Esta, dizem que está nos camarotes, não a vi. Vi o "Cesão" Cielo, carregando nas mãos uma tocha, um sorriso no rosto e no peito, talvez, a mesma esperança de muitos dos que estam por aqui, presentes na Esplanada dos Ministérios: a de que um dia possamos ser um povo feliz, com justiça, saúde e paz, para que não paire sobre a cabeça de qualquer indivíduo a dúvida de que o Brasil é realmente um país independente!
Bom texto, Elismar! Peguei emprestado para divulgar em meu blog. Suas letras são condizentes com minhas palavras! Veja lá www.glifanos.blogspot.com! Abrassss
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