O sol quente queimava-lhe a testa, fazendo com que o suor lhe descesse feito enxurrada. Forçadamente, ele batia o enxadão na tentativa de aprofundar a vala. Ainda não chegava à metade do entardecer e o cansaço já lhe tomava o corpo. As costas doíam, os braços, as pernas e até a cabeça já começavam a gritar por socorro.
Lembrou-se da cerveja geladinha, do caldão com cebolinha verde do bar do Osmane, das latinhas de azeitona, dos beijos de Mariana. O tempo passava devagar, o serviço pesava e as lembranças lhe vinham à cabeça. Lembrava-se das chances que perdera, por não estudar, por não ousar, por não ter coragem de agir. Mariana era bonita, séria, sensual; mas Jaqueline era rica, menina mimada, gostosa, ousada.
Por várias vezes ela o havia provocado. Era amiga da namorada, mas o tentava. Sentava-se à sua frente com uma saia curta a mostrá-lhe as pernas grossas, com seus pelinhos descoloridos brilhando de suor; sussurrava ao seu ouvido palavras baixas enquanto Mariana estava na cozinha; oferecia-se a ele quando estava a sós. Jaqueline era uma mulher sem excrúpulos e Mariana pobre.
Um dia, Mariana descobrira tudo. As investidas da amiga e as fraquezas do namorado. Jogou-o contra a parede e sentenciou:
- Ou ela ou eu. A escolha é somente sua!
A rua estava deserta e silenciosa. Apenas o bater seco do enxadão na terra oca cortava o ar quente daquela hora e, enquanto pensava, ele pensava em Mariana, com a barriga pesando sob a blusa molhada de sabão, enquanto lavava as louças acumuladas na pia. Barrigão de oito meses a incomodá-la, chateando-a e enfeiando sua humilíssima paciência, enquanto um menino chorava chorava no quarto do casal, esfoemado, sem ter o que comer. Ele ficava com mais raiva e batia fortemente o enxadão, fazendo com que o suor lhe descesse mais insistente, misturando-se às lágrimas que escorriam dos olhos sofridos e tristes.
opa, encontrei
ResponderExcluirisso ai meu irmão, é coração de jesus para o mundo.
parabéns pelo seu espa~ço e estaremos juntos aqui.
abraço