Dia cansativo, com os alunos agitados. Terminada a hora do serviço, fui embora. Estrada ainda úmida pela chuva de ontem e a moto deslizando leve, como se tivesse pressa de chegar. Passando pela Vacaria, uma pequena comunidade, onde há algumas semana tomei a queda que neste blog relatei, o jeito era andar devagar; descida brusca, pé no freio, negando sempre das pedras e dos buracos indescentes.
À minha frente, duas crianças descem pela estrada íngreme. Uma menina loira, de uns seis anos de idade e um menino moreno, de mesma idade e com um dos pés descalço, com a sandália numa das mãos, ambos com mochila nas costas. A menina a um canto e ele no meio da estrada. Ao me ver, deu um pulo e disse: "Bença", sendo prontamente repetido pela menina.
Bênção, palavra bonita que talvez signifique graça ou proteção - quis olhar no dicionário, mas faltou-me tempo, até aqui.- Comecei, então a me lembrar dos tempos de criança: ao dormir, pedindo a benção aos pais e terminando com um "Dorme com Deus"; depois do almoço, dizendo agrdecido um "Deus te ajude" e, sempre, ao chegar ou sair, pedindo a "Bênça".
Posso parecer piegas ou antiquado, mas os tempos são outros. Na rua, nas escolas, em casa, na maioria dos lugares, não se chamam mais os pais de SENHORES, não se pede mais a BÊNÇÃO, não se diz mais um DEUS TE AJUDE ou DEUS LHE PAGUE. O que se vê são apenas brigas, maledicências e hipocrisias. A vida anda, de fato, uma perda de tempo, com tanta evolução, tanta tecnologia, tanto desrespeito ao próximo e a si mesmo.
Apesar de tudo isso, de todos os desencantos, ao ver aquelas duas crianças inoncentes, às quais não conheço e que, por isso, não haveriam de ter qualquer consideração a mim, repenso os meus conceitos e digo que O MUNDO NÃO ESTÁ PERDIDO, A VIDA AINDA TEM JEITO e, já quase chegando ao final da descida, viro-me para ambos e digo com o coração aos prantos - de alegria - DEUS LHES ABENÇOE!
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