Em 2002 o Brasil tornou-se penta-campeão mundial de futebol e isso não é segredo para vivente algum. Nesta época eu contava dezenove anos de idade e cursava o curso de Letras na Unimontes, mas isso não vem ao caso. Fato é que toda a vizinhança havia combinado de assistir ao jogo no boteco do meu pai. Para que isso fosse possível, seria necessário bloquear a rua de uma esquina à outra e colocar os bancos e as TVs na porta da rua.
Levantamos às Cinco da Matina, pois o jogo seria às oito. O adversário seria a forte Alemanha, com o goleiro Kahn como principal estrela do time e melhor jogador do mundial. Não houve jogo. O Ronaldo - Fenômeno - não permitiu. Acabou logo com o adversário e pronto. Mas isso também não vem ao caso; afinal, o jogo era o de menos.
A melhor parte daquele dia foi ter levantado às cinco horas da madrugada; pintar toda a rua com cal e adornar com bandeirolas e balões; carregar todos os bancos e os televisores nas costas, só para ver toda a algazarra em torno de um jogo de futebol. Vencemos os alemães, mas, sobretudo, derrotamos a tristeza e a mesmice dos dias interioranos e, para terminar com chave de ouro, ainda presencie o beijo apaixonado do meu vizinho bêbado no capitão Cafu, enquanto este levantava a taça do mundial.
Depois deste o Brasil não venceu mais o Mundial. Pelo comando estrelado passaram o Dunga, o Parreira, o Zagalo, o Mano. O Fenômeno, o Cafu, o Marcos e tantos outros já se aposentaram, mas o meu vizinho, coitado, já está de bico seco de tanto esperar mais um título Mundial!
Nenhum comentário:
Postar um comentário