O RETORNO
Por Renato Cheloni, de Belo Horizonte
Para
um bom motociclista não existe nada melhor que um domingo ensolarado, como os
das manhãs de verão, melhora mais ainda quando seu time do Coração vai jogar em Sete Lagoas,
na Arena do Jacaré , não tem como
perder, mas não imaginava que aquele dia seria diferente, logo pela manhã pegou sua motocicleta, uma
possante CB 600 Hornet 2012, e deu o famoso trato. O coração não queria esperar
o horário da saída; já estava louco para pegar a BR 040 rumo ao jogo. Para ele
não tem coisa melhor, sentir o vento no peito, e nas curvas mais fechada olhar
pelo retrovisor e ver a pista, o tanto que a moto inclina; ah! não tem coisa
melhor que deitar a moto numa curva a 120 km/h.
Mas
aguentei firme e esperei até às 14:30, quando saímos, eu e minha esposa, que
também adora acompanhar os jogos do Cruzeiro.A ida foi uma maravilha, moto
possante, BR em ótimo estado de conservação, e alguns motoristas de carretas
meio que loucos, talvez bêbados ou drogados e muitas vezes arrebitados com as
famosas drogas que não deixam dormir e acabam morrendo de olhos abertos, e
alguns mais loucos, talvez doidos para
chegar em casa e ver a família ou simplesmente com uma pulga atrás da orelha
sempre a lembrar dos velhos ditados que amedrontam os caminhoneiros dizendo que
são cornos... É o que dizem...
Assim
que começou o jogo o Villa nova foi pra cima do Cruzeiro, muito sufoco. E quando
o time do vila estava bem melhor, o Cruzeiro fez o gol; sempre assim, o quem
não faz leva; no segundo tempo a mesma coisa, o Villa quase empatando e
Cruzeiro fez 2 x 0. Sorte nossa é que Temos o Montillo e o cara é craque mesmo,
capaz de definir qualquer jogo, foi dele
a assistência para o primeiro gol e ele mesmo fez o segundo e saiu comemorando
imitando um cavalinho, meio que manco,
mas muito legal.
Pelo celular eu e meus amigos,
Elismar Santos, Léo balão, Roberto Abra Cadabra, fazíamos uma resenha bem legal
pelo Twitter, mas uma mensagem me
colocou em alerta: A Defesa Civil de BH
alerta para pancadas de chuva moderada a forte (30 a 40 mm), rajadas de vento
(50 – 60 km/h) e descargas elétricas.
Logo que o Juiz apitou o final da partida fomos
embora, fui pegar meu veneno verde, a minha bela motoca, e partimos rumo a
Contagem, logo na saída começamos a ver muitas descargas elétricas, que muitas
vezes fazia uma bela paisagem pelo céu. Aqueles raios atravessavam de um lado
para outro fazendo um lindo riscado de luz no céu e, ao mesmo tempo, era
apavorante. Lembrei de quando minha filha ainda pequena ficava com muito medo
dos relâmpagos e trovões provocados pela descarga elétrica, falava com ela que
era apenas o papai do céu tirando foto da terra, o duro era explicar o som
ensurdecedor que após dez segundos o trovão fazia, então a segurava com
bastante cuidado e jeito para tampar os ouvidos.
Faltava pouco mais de três quilômetros para
chegar em casa e até aquele momento eram só raios e trovões , com um pouco de
vento, mas de repente como numa cena de cinema, (ah! quem me dera se eu fosse um ator de cinema...) a chuva nos
atingiu em um local que não tinha nem como parar e seria ate mais perigoso , e
ela veio feroz parecia que queria apostar corrida comigo, talvez a uns 80 ou
100 km/h. É, amigo, experiência única e nunca mais quero passar
por isso; o vento era forte, acompanhado
de enormes pedras de granizo vindas pela esquerda. Me via na frente de uma
batalha, sendo metralhado com balas de gelo; quando batia no braço e pernas chegava
a gritar de dor. Não, não estou
exagerando, já viu como fica um carro atingido por uma chuva de granizo? Então imagina aquilo no braço, a
moto muito boa e pesada com os pneus bem grossos, dava-me estabilidade, ora o
vento batia pela esquerda como se fosse
alguém me empurrando para a direita e eu com muita experiência conseguia
controlar a direção, alguém deve perguntar, “por que você não parou??” Ah,
amigo, não tinha como! O medo era grande,
o coração disparava, batia mais rápido do que o coração de um adolescente
beijando pela primeira fez.
Tentava
ver a estrada e o que se via era muita chuva e granizo, abrir a viseira nem
pensar. Minha sorte foi uma carreta, que tenho tanto medo, apareceu; mas desta
vez não para me assustar, não me empurrar
somente com o deslocamento do ar quando passa pela moto, mas sim para me
dar uma proteção; parei ao lado dela diminuindo a velocidade e me protegendo
contra a rajada de vento que vinha da esquerda, até conseguir parar debaixo de
um viaduto onde vários motoqueiros e carros procuravam abrigo. na tentativa de
escapar do granizo, fiquei por ali uns 2 minutos até voltar a pensar nos filhos
que estavam em casa sozinhos e só via a cena, eles
agarrados juntinhos e chorando, sem luz.. e sem os pais por perto para
defendê-los, aí não tinha jeito tive que voltar a encara a chuva só que agora
mais calma.
Hoje pela manhã; saindo para trabalhar, vi o
estrago da chuva e do granizo, coisa de louco, árvores de grande porte, poste
de luz e telhados completamente destruídos, e agradeci muito a Deus por ter
chegado vivo, Deus sempre está e sempre estará comigo.
Cuidado com a natureza ela esta somente mandando um aviso.
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