quarta-feira, 21 de março de 2012

SEMPRE A MESMA HISTÓRIA

SEMPRE A MESMA HISTÓRIA 


     - O que você vai ser quando crescer?
     E esta pergunta criou raízes em sua mente. Já não comia, não brincava, não dormia. Apenas a pergunta, sendo matutada em sua mente: “O que você vai ser quando crescer?”. Um dia, quando ainda era muito pequena, quis ser médica, salvar vidas, fazer o bem; depois, queria ser bancária, ganhar muito dinheiro; num outro dia, seria empresária, dona de uma grande loja de cosméticos... 
     Queria ser muitas, várias de uma só vez: cantora, modelo, atriz, dentista, professora... Era melhor perguntar à sua mãe. Ela era velha, já devia ter pensado no assunto: 
     - Mãe, o que a senhora queria ser quando crescesse?
     - Bailarina. Ah!
     - E por que não foi? 
     - Os tempos eram outros; eu era pobre... Depois veio o seu pai... Você...
      - Ah, ta!
      Mas não estava. A mãe não a ajudara; não queria ser bailarina. Não sabia dançar nem um sertanejo sequer! Era melhor perguntar para o seu pai. Ele devia saber:
      - Pai, o que o senhor queria ser quando crescesse?
      - Eu... Anh... Pintor. 
      - E por que não foi? 
       - É uma longa história, filhinha. Mas, depois eu me casei... Você chegou e...
       - Tudo bem. 
       Não, não estava tudo bem. Os pais não eram nada do que haviam sonhado e, pelo jeito, a culpa era toda dela. Se ela não tivesse nascido!... Não pensaria mais em que seria quando crescesse. O jeito agora era não ser mais a filhinha deles. Amanhã haveria de tomar uma decisão; sairia de casa, iria morar com a vó, ela sim sabia o que queria ser quando crescesse. 
        ...
        - Vó, o que você queria ser quando crescesse?
        - Eu queria ser enfermeira... Mas, daí veio o seu pai... Você...
        - Sei, vó. Eu já ouvi esta história!

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