JOSIMAR
E O FIM DO MUNDO
Josimar não era rico,
mas tinha lá suas posses. Morava numa casa grande, onde promovia festanças às
quintas, sextas, sábados e domingos. Não as realizava nos dias restantes porque
tinha que tomar conta da loja de baterias, herança do velho pai que morrera
fazia pouco tempo. Ele era um sujeito normal, boa praça, boa pinta, boa gente.
Numa noite de insônia,
zapeando pela internet, adentrara em um site que pregava o fim do mundo, com
ano, mês e dias marcados: 22 de Dezembro de 2012 e ainda dava a receita para a
salvação. De acordo com o site, o fim estava inscritos nas escrituras Maias e
eram os vestígios da vontade divina. Como o mundo não seguira os preceitos dos
deuses maias, o mundo haveria de findar.
Eis que o desespero
bateu-lhe no peito. Não sabia o que fazer, para onde ir, a que (ou a quem) se
apegar. Apegou-se à receita daquela página: comprar uma passagem para um
cidadezinha do interior de Goiás, comprar alimentos não perecíveis, depositar
todo o seu dinheiro numa conta expressa ao pé da página e ir morar numa das
várias cavernas da cidadezinha goiana.
Nunca mais tive
notícias do Josimar. Acabaram-se as festas, as noitadas regadas a bebidas,
mulheres e pancadão. A única lembrança do nosso amigo é a velha loja de
baterias, que ele vendeu a preço módico para o meu amigo Renato, quem, aliás,
também já está pensando em se mudar para o Goiás.
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