terça-feira, 3 de abril de 2012

A MENINA DESCENDO A RUA

A MENINA DESCENDO A RUA




     A menina descia a rua lentamente. Ora olhando para um lado, ora para cima ou para baixo. Quase nunca olhava para frente. Não que tivesse algum problema, mas porque estivesse distraída. Assim são as meninas de quinze anos, todas distraídas, lentas, meio bobinhas e, de verdade, muito bonitinhas.
     Aquela era uma menina bonita. Vestia um vestido curto, deixando as coxas à mostra; calçava uma sandália trançadinha e tinha os cabelos negros e bastante lisos, feito fosse cabelo de índia. Não tinha namorado, mas já havia se apaixonado por vários homens mais velhos. Apaixonara-se, mas somente isso. ìa às missas no domingo e cursava a 8 série do fundamental.
      A rua era íngreme e o passeio minúsculo. Por isso, a menina tinha que desviar dos outros passantes, dos postes, das cadeiras e mesas, dos cachorros que subiam a rua. Não seguia pra casa; talvez fosse à padaria ou ao armazém. Sua casa ficava logo acima e de era de lá que havia saído há alguns instantes.
     Sentado numa das mesas das quais ela havia desviado, eu observava o desfile da menina, com o copo de cerveja pela metade e a cabeça cheia de idéias, de pensamentos, de sonhos. Ela não observara, mas enquanto ela descia a rua, vários olhares a acompanhavam e uma crônica pueril nascia em meu âmago.


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