ALCIONE
(II)
@ElismarSantos
As
notícias chegavam aos ouvidos de Marieta, a esposa; mas ela
não lhes dava ouvidos. Conhecia bem o marido e sabia da sua
morte. Não cria em covardia de onça; tinha sido o rio
quem o levara. Talvez tivesse passado mal as águas levaram-no
ao seu descanso. Melhor assim, fica a incerteza da morte e a
esperança da vida.
Depois
que o velho sumira, o caçula transformou-se. Deixou os
afazeres domésticos; armou-se da foice e da enxada e desceu
para a roça. Passou a beber, primeiro apenas uma dose antes do
almoço e do jantar, até enveredar-se por várias
noites de farra.
Numa
manhã comum, arrumou suas roupas numa pequena mala; dividiu
com a mãe o dinheiro da última colheita e partiu. A mãe
não tinha mais forças para lutar. Não pediu que
ficasse, apenas que jurasse que nunca mais a haveria de esquecer. Por
muito tempo ela ficaria encostada junto à porta, mesmo depois
que o filho desaparecesse na curva daquela velha estrada, e, no
peito, uma dor profunda doía sempre mais, como tinha sido nas
outras onze vezes em que um filho saía do desconforto de suas
asas.
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