ENSAIO
SOBRE A LOUCURA (!)
@ElismarSantos
Vejam vocês que a
loucura é mesmo uma matéria interessante, uma questão que vale a pena ser
tratada e, por isso, discutida por muitos, seja na literatura, filosofia ou
pelos próprios populares. O complicado, às vezes impossível, é determinar o que
seja loucura e o que não passe de puro charlatanismo ou excentricidade.
Em minha cidade,
contabilizados, existem uns cinco ou seis loucos, declarados. Tem o que reza
pedindo chuva; o que xinga palavrões a um inimigo imaginário; aquele que conta
dinheiro e riquezas em bilhões e trilhões e trilhões; o que anda apressado e
conversa igual locutor esportivo; o que perambula pela cidade rindo e fazendo
gracinhas; o que se diz um amigão e pede um trocado para o cafezinho...
Existem ainda os loucos
não declarados. Aqueles que dizem ou fazem coisas estranhas, mas que ninguém se
atreve a diagnosticar como lesado. E existe ainda um terceiro caso: o daqueles
indivíduos a quem, mesmo sem qualquer ação aparente, todos cismam em taxar de
loucos; estes são os dançarinos, cantores, professores, poetas e pensadores.
Pessoas que, convenhamos, devem mesmo ser um tanto malucas.
Machado de Assis em seu
“Alienista” já discutiu, com certa ironia, a questão dos loucos; mais
seriamente, Focault também o fez. Mas, alguém me diga: o que é mesmo a
loucura?! Quem pode ou não ser taxado de louco?! A verdade, penso eu, é que vivemos
numa linha tênue em que sanidade e loucura caminham lado a lado, feito duas
irmãs, unidas sim, mas sempre a brigarem por qualquer coisinha. Que vença a
mais forte, deixando que o indivíduo caia, desta linha, no profundo buraco das
divagações.
Verdade é, caro leitor, que, enquanto, não
descobrimos, com razoavelmente, quem seja louco ou não, continuemos a
observá-los, com atenção e curiosidade; pois pode ser que num dia qualquer eles
nos mostrem que eles é que estavam certos e que os loucos éramos nós. Nós que,
num tempo de leviandades, elegemos políticos corruptos, ouvimos músicas
irrelevantes e surrupiamos e postamos fotos de artistas esnobes e vazias, só
para ter o prazer de vê-las nuas. Pura loucura, loucura!
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