segunda-feira, 14 de maio de 2012

ENSAIO SOBRE A LOUCURA (!)


ENSAIO SOBRE A LOUCURA (!)


@ElismarSantos


Vejam vocês que a loucura é mesmo uma matéria interessante, uma questão que vale a pena ser tratada e, por isso, discutida por muitos, seja na literatura, filosofia ou pelos próprios populares. O complicado, às vezes impossível, é determinar o que seja loucura e o que não passe de puro charlatanismo ou excentricidade.

Em minha cidade, contabilizados, existem uns cinco ou seis loucos, declarados. Tem o que reza pedindo chuva; o que xinga palavrões a um inimigo imaginário; aquele que conta dinheiro e riquezas em bilhões e trilhões e trilhões; o que anda apressado e conversa igual locutor esportivo; o que perambula pela cidade rindo e fazendo gracinhas; o que se diz um amigão e pede um trocado para o cafezinho...

Existem ainda os loucos não declarados. Aqueles que dizem ou fazem coisas estranhas, mas que ninguém se atreve a diagnosticar como lesado. E existe ainda um terceiro caso: o daqueles indivíduos a quem, mesmo sem qualquer ação aparente, todos cismam em taxar de loucos; estes são os dançarinos, cantores, professores, poetas e pensadores. Pessoas que, convenhamos, devem mesmo ser um tanto malucas. 

Machado de Assis em seu “Alienista” já discutiu, com certa ironia, a questão dos loucos; mais seriamente, Focault também o fez. Mas, alguém me diga: o que é mesmo a loucura?! Quem pode ou não ser taxado de louco?! A verdade, penso eu, é que vivemos numa linha tênue em que sanidade e loucura caminham lado a lado, feito duas irmãs, unidas sim, mas sempre a brigarem por qualquer coisinha. Que vença a mais forte, deixando que o indivíduo caia, desta linha, no profundo buraco das divagações.

 Verdade é, caro leitor, que, enquanto, não descobrimos, com razoavelmente, quem seja louco ou não, continuemos a observá-los, com atenção e curiosidade; pois pode ser que num dia qualquer eles nos mostrem que eles é que estavam certos e que os loucos éramos nós. Nós que, num tempo de leviandades, elegemos políticos corruptos, ouvimos músicas irrelevantes e surrupiamos e postamos fotos de artistas esnobes e vazias, só para ter o prazer de vê-las nuas. Pura loucura, loucura!

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