QUINZE ANOS
@ElismarSantos
Os cabelos despenteados a caírem sobre os olhos everdeados; os pés descalços a correrem rápidos sobre as pedras pontiagudas da ruela; a saia branca esvoaçando e deixando ver as suas pernas grossas, torneadas e quase sem pêlos; os seios durinhos a balançarem rijamente; o suor descendo pela testa, escorrendo pela face, até chegar aos seios já quase à mostra sob a blusinha branca que está quase transparente de tanto molhada.
O calor é terrível, apesar do pouco de vento que faz àquela hora. A paisagem não é bonita, por isso ela nem olha para os lados, apenas corre. Os homens, todos eles sentados à porta do boteco, observam de olhos arregalados a correria da ninfeta. Alguns assoviam, outros dão gritos de tesão, mas ela não ouve, não olha, apenas corre em disparada. Atrás de si, sobe uma poeira avermelhada e debaixo dos pés lisos é possível observar alguns pequenos furinhos, todos feitos pelas pontas dos pedregulhos.
Ela chega em casa esbaforida, arfante, o fôlego já quase acabado. Os seios ainda estão rijos, conserta a blusa e olha para vê se eles não estão à mostra; conserta a saia, antes que a mãe brigue. A mãe esta no tanque, lavando as roupas da semana; o pai ainda não chegara, só aparece depois da noite caída e com a cara cheia de pinga; o irmãozinho brinca no quintal. Grita pra mãe que já chegou e que a tia não estava em casa. Não fala dos homens que a assoviaram, nem que viera correndo e, quando a mão diz que ela chegou muito rápido, responde apenas que viera ligeirinho.
Não vai tomar banho ainda; aquele cheiro de suor que ainda exala do seu corpo lhe parece gostoso. Vai até o filtro e toma uma boa dose de água; passa pelo irmão e lhe dá um peteleco na cabeça; lembra que amanhã haverá aula de Química e ela ainda não fizera o exercício. Ele pode ficar para mais tarde; por isso, vai até o banheiro, lava os pés; passa pela cozinha, põe uma copada de café e pega umas dez bolachas amanteigadas; senta-se sobre o sofá, coloca as pernas cruzadas e liga a TV. Já é tarde e está passando o Chaves, seu seriado favorito. Os homens sentados à porta do Boteco ainda comentam a sua beleza, a sua gostosura, sem saber, pobre coitados, que ela é ainda apenas uma garotinha, na puerilidade de seus quinze anos.
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