A chuva deu o ar da sua graça neste final de semana.
Timidamente, é verdade; mas, já deu para agradar aos mais afoitos pela água
abençoada. Fazia tempo que não chovia e as plantas já ansiavam por este momento
sublime. Nas estradas de terra que dão acesso à zona rural, a poeira tomava
conta, formando uma enorme e perigosa cortina de tons amarronzados. Creio que
esta chuva ainda não resolva o problema, mas, abranda-o. E isto, por ora, já
nos basta.
De acordo com os mais antigos, entre os três dias que
antecedem e os três que sucedem ao dia de São José, tem que chover, caso
contrário, todo o resto de ano não será bom de chuvas. A este período chama-se
“Cheia de São José”. E eu não me
lembrava, mas, alguém postou no Facebook que “São as águas de março, fechando o
verão”. Verdade, conforme a música, foi-se o Verão e chegou o Outono.
Alguém, acho que também na rede social, disse que o
Outono é o primo mais próximo da Primavera. Sobre este parentesco não posso
afirmar qualquer pitaco. O que sei é que também eu tinha uma Prima Vera.
Parente distante, talvez de segundo ou terceiro graus; mulher bonita, altiva,
assertiva, que andava sempre bem vestida e pintada, e, quando chegava em casa
era como se as flores desabrochassem de alegria. Eu era ainda criança, mas me lembro
de que ela era a própria Primavera.
Coincidência ou não, a Prima Vera casara-se com o
Tone, homem sério, rosto sisudo, trabalhador, mas com algum quê de poesia. Acho
até que gostasse de música e dança. Não me lembro bem do Tone, assim como
acontece com a estação. Talvez ele fosse mesmo ofuscado pela Prima Vera, assim
como faz a estação mais bela do ano, que não nos deixa recordar o Outono.
A Primavera Vera e o Tone eram casados, enquanto a
Primavera e o Outono nunca se encontram, afinal, o Verão e o Inverno sempre os
separam. Mas, tenho certeza de que se, um dia, se encontrassem, por acaso, em
algum cruzamento do destino, amar-se-iam no mesmo instante, afinal, os opostos
se atraem e o amor é uma caixinha de surpresas, e de ilusões.
Ao ler seu texto deu a sensação de estar lendo um pequeno trecho de um livro, ou talvez uma resumida história, continue assim, pois tem futuro com escritor.
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