E-lismar Santos
Não é que tivesse uma intenção explícita. Na verdade, o que ele queria era fugir. Não sabia ao certo do que fugia, apenas que fugia, e isto lhe bastava. Embrenhara-se no mato e pusera-se a andar em círculos, retas, subidas e descidas, até que chegara aonde queria. É verdade que nem mesmo sabia onde estava; estava perdido, mas estava longe de tudo e de todos.
Sentara-se sobre uma enorme pedra à beira do rio e pôs-se a pensar, enquanto lavava o rosto suado da longa caminhada. Sua respiração era ofegante, pois havia caminhado durante quase todo o dia; suas roupas estavam rasgadas e a barriga roncava de fome.
Enquanto descansava, pensava no quanto era bom estar sozinho, sem ninguém para reclamar, sem o barulho dos carros, sem os gritos das crianças que voltavam da escola, sem as conversas destarameladas dos cachaceiros que sentavam na porta da casa, nas madrugadas friorentas.
De repente, seus pensamentos esvaziaram-se. Um silêncio ensurdecedor tomara a sua alma e toda a paz que encontrara ali, como que num passe de mágica, dissipara-se. Senta saudades de casa, do barulho dos carros, dos gritos das crianças que voltavam da escola, das conversas destarameladas dos cachaceiros que sentavam na porta da casa nas madrugadas friorentas. Além de tudo isso, sua barriga não parava de roncar. Então, abriu os olhos e foi ver se tinha alguma coisa na geladeira.
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