Os jovens de hoje em dia,
salvo raras exceções, não sabem ler. Ainda que vivam todo o tempo com os olhos
vidrados nos aparelhos celulares, perambulando pelas redes sociais, onde se
veem obrigados a alguma leitura, fazem-na superficialmente, sem grandes
qualidades e prazeres. E esta falta, para a felicidade dos nossos políticos,
tem nos custado o Conhecimento, a Cultura, a nossa Dignidade. Mas isso é
assunto para alguma outra Crônica.
Tenho perambulado muitas
vezes pelas redes sociais, mas, guardo ainda alguns momentos para uma boa
leitura, degustando bons livros, viajando por autores dantes não navegados ou
revisitando velhos amigos literários. E esse hábito tem me trazido algumas
sensações estranhas, as quais não me vejo capaz de explicar, mas que nunca
sinto ao assistir a um filme ou ao ler algum post no Facebook ou no Twitter.
Minhas primeiras leituras
vieram dos livretos de Cordel, que o meu pai ainda hoje traz guardados dentro
de uma velha valise; ambos, livretos e valise, são relíquias da sua juventude. Recordo-me
de quando, assentado debaixo do sete-copas, imaginava, enquanto lia
compenetrado, as aventuras de “Coco Verde e Melancia”, “Rufino, o Rei do
Barulho”, “Cancão de Fogo”, entre tantas outras estórias escritas em verso e
rima. E ainda hoje, também eu tenho os meus livretos, trazidos de Bom Jesus da
Lapa, lendo-os de quando em vez.
Naquela época, também lia os
livros de Faroeste, escolhidos a dedo dentro de um enorme saco plástico que
Mozar (e esse era mesmo o nome do sujeito) deixava debaixo do balcão do
açougue, para passar o tempo nos momentos de ócio. Ali mesmo, debaixo do balcão,
eu ficava, por horas a fio, assistindo, pelas folhas amarelecidas dos velhos
livros, aos filmes de cowboys e
bandidos.
Nas minhas aulas,
ainda tento instigar nos pupilos o gosto pela boa leitura, incitando-os a um
Jorge Amado, Machado de Assis, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade,
Manuel Bandeira, entre tantos outros grandes escritores. É verdade que alguns
se enveredaram pelo mundo da Literatura, encontrando-se nas agradabilíssimas leituras,
sendo que outros ainda, assim como este escriba, têm se aventurado no mundo da
escrita; mas, confesso, a leitura verdadeira tem se transformado num mundo cada
vez mais restrito, contentando muitos em apenas dar uma olhada naquilo que se
escreve.
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