domingo, 29 de setembro de 2019

MACONDO


Toda a poesia derretida
Jogada a um canto do asfalto quente.


Alguns passarinhos escondem-se na velha árvore.
A solidão caminha pelas sombras dos muros
Sobre as calçadas
Escondendo-se do sol escaldante.


Vez ou outra um vento surge
Sopra algumas folhas de um lado a outro
E volta para o seu leito ofegante.


Em meio ao silêncio sufocante da tarde
Uma cadeira balança ao longe


E um assobio triste começa a soar.

sábado, 28 de setembro de 2019

POLÍTICA MENTE

A chuva
A luva.

A lupa cobrindo os sonhos
Procurando uma última esperança escondida nalgum canto escuro da mais fria alma dos derradeiros poetas virgens.

Manhã de Setembro
A febre tomando todo o corpo e a alma
Os fantasmas cantarolando velhas intrigas
A tia gorda preparando um café aguado na cozinha enquanto os homens proseiam mentiras e confabulam loucuras. 

As cartas se embaralham 
Os estômagos mais fracos se embrulham 
E quem dantes era contra favorável se apresenta numa toada lenta com as mãos coçando com os pés roçando com as turvas cores se abrandando sob a pesada mesa da sala escura.

Escuras palavras 
Escusas tramadas

Os sonhos vorazmente devorados 
E as esperanças reviradas. 

Lobos vestidos de cordeiros passeiam pelos campos enquanto as mulheres trabalham as crianças dormem e os velhos morrem. 
A tia gorda com seu café aguado embaralha as cartas marcadas, riscadas, maculadas. 
Um mais corajoso pega uma qualquer sem pensar nem pestanejar não olha nem cheira apenas guarda e aguarda pelo porvir.

Uma alma irônica ri enquanto o tempo voa as lembranças dormem e tudo se repete 
Numa eterna con tradição.