sábado, 28 de setembro de 2019

POLÍTICA MENTE

A chuva
A luva.

A lupa cobrindo os sonhos
Procurando uma última esperança escondida nalgum canto escuro da mais fria alma dos derradeiros poetas virgens.

Manhã de Setembro
A febre tomando todo o corpo e a alma
Os fantasmas cantarolando velhas intrigas
A tia gorda preparando um café aguado na cozinha enquanto os homens proseiam mentiras e confabulam loucuras. 

As cartas se embaralham 
Os estômagos mais fracos se embrulham 
E quem dantes era contra favorável se apresenta numa toada lenta com as mãos coçando com os pés roçando com as turvas cores se abrandando sob a pesada mesa da sala escura.

Escuras palavras 
Escusas tramadas

Os sonhos vorazmente devorados 
E as esperanças reviradas. 

Lobos vestidos de cordeiros passeiam pelos campos enquanto as mulheres trabalham as crianças dormem e os velhos morrem. 
A tia gorda com seu café aguado embaralha as cartas marcadas, riscadas, maculadas. 
Um mais corajoso pega uma qualquer sem pensar nem pestanejar não olha nem cheira apenas guarda e aguarda pelo porvir.

Uma alma irônica ri enquanto o tempo voa as lembranças dormem e tudo se repete 
Numa eterna con tradição. 

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