A luva.
A lupa cobrindo os sonhos
Procurando uma última esperança escondida nalgum canto escuro da mais fria alma dos derradeiros poetas virgens.
Manhã de Setembro
A febre tomando todo o corpo e a alma
Os fantasmas cantarolando velhas intrigas
A tia gorda preparando um café aguado na cozinha enquanto os homens proseiam mentiras e confabulam loucuras.
As cartas se embaralham
Os estômagos mais fracos se embrulham
E quem dantes era contra favorável se apresenta numa toada lenta com as mãos coçando com os pés roçando com as turvas cores se abrandando sob a pesada mesa da sala escura.
Escuras palavras
Escusas tramadas
Os sonhos vorazmente devorados
E as esperanças reviradas.
Lobos vestidos de cordeiros passeiam pelos campos enquanto as mulheres trabalham as crianças dormem e os velhos morrem.
A tia gorda com seu café aguado embaralha as cartas marcadas, riscadas, maculadas.
Um mais corajoso pega uma qualquer sem pensar nem pestanejar não olha nem cheira apenas guarda e aguarda pelo porvir.
Uma alma irônica ri enquanto o tempo voa as lembranças dormem e tudo se repete
Numa eterna con tradição.
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