Andando por estas estradas, é comum encontrar-se com ciclistas e bicicleteiros. Estes rumando para os eucaliptos ou para as roças; aqueles exercitando as pernas, espairecendo os pensamentos; todos se aventurando debaixo do sol escaldante, negando dos carros, forçando os músculos.
Eu também já fui ciclista, eu também já fui bicicleteiro. Quando adolescente, andava de magrela e jogava futebol. Quer dizer, jogar não jogava; corria atrás da redonda pelos campinhos corjesuenses, sem grandes sucessos, nem grandes aspirações.
De bicicleta eu andava para todos os cantos. Ia pagar as contas nos correios, comprar miudezas no supermercado, pegar livros no Caic, trabalhar na 106. Primeiro era uma Monareta 86, para, depois, perambular por várias bicicletas, de tantas marcas e muitos tipos.
Já velho e com rabugem, a bola e a bicicleta foram deixados de lado. Voltando, depois de muito tempo, às pedaladas, tornei-me um ciclista, com bicicleta apropriada e roupa esquisita. Andava vinte, trinta quilômetros por dia, tentando acabar com a gordura acumulada na linha do tempo e nos copos de cerveja. Até que a coluna deu o grito.
Uma hérnia de disco e um bico de papagaio deram uma pausa na minha curta carreira de ciclista. Vez ou outra, por pirraça, visto-me de bicicleteiro e saio pelas ruas, resfolegante e cheio de suor, em busca de algumas cervejas.
E para que não me reste culpa pelo sedentarismo, caminho quase que diariamente por dez quilômetros, pensando, sonhando, macomunando com minha mente as crônicas que não farei, pois a preguiça assim não me permitirá.
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