A MULHER E O DESEJO
Quase quatro horas e o sono não vinha. Sentia uma sede intensa tomar a sua garganta. Não queria se levantar, preferiu ficar deitada, sentido aquela agonia dengosa. Suava enormemente, mesmo sentido um intenso frio na espinha. Imaginava o corpo de um homem deitado sobre o seu, rezava fervorosamente, como se quisesse pagar todos os seus mais escabrosos pecados. Havia se deitado coberta por uma camisola vermelha, agora se despira totalmente.
Não sabia o que fazer. Um conflito entre o céu e o inferno, o bem e o mal, o prazer e a reza, parecia existir dentro do seu peito. Queria se levantar, sair a esmo pelas ruas, tomar um banho, fazer um café, pular da janela. Ela morava num apartamento. Não tinha coragem, era feminina demais para fazer tal atrocidade consigo mesma. A maioria das notícias de suicídio é de homens, mulheres são inteligentes demais para tamanha burrice.
Revirava-se de um lado para outro. As horas não passavam e, no tenebroso silêncio que tomava toda a extensão do mundo em que ela se encontrava, entrecortado, não raramente pelos miados de alguns gatos se amando num telhado próximo, era capaz de escutar os ponteiros do relógio num agonizante tic-tac-tic-tac... Queria sonhar, sentir, queria morrer de prazer. Estava desesperada, tinha vontade de gritar, de ficar quieta, de arrancar os cabelos, de se jogar dentro da sua imensa agonia prazerosa.
A noite demorara passar. Não havia pregado os olhos por nenhum momento. Sentia-se cansado. Sentia um grande desejo de prazer que tentava sair de dentro do seu âmago, mas não conseguia. Quem dera se um homem chegasse de mansinho num belo cavalo branco e a possuísse como se fosse uma linda princesa grega. Ficou sozinha no seu canto revirando em sua cama, até que a campainha tocou. Levantou-se rapidamente, estava toda molhada. Talvez fosse o seu príncipe encantado. Lavou o rosto, trocou de roupa, não poderia sair daquela maneira, e foi atender ao príncipe encantado.
Não era o seu príncipe. Severino, o porteiro, avisava com sua voz estridente de nordestino maroto que Carmélia, sua colega de setor na empresa, estava esperando-a para irem ao trabalho. Seria mais um dia de muito serviço e nenhum prazer.
Não sabia o que fazer. Um conflito entre o céu e o inferno, o bem e o mal, o prazer e a reza, parecia existir dentro do seu peito. Queria se levantar, sair a esmo pelas ruas, tomar um banho, fazer um café, pular da janela. Ela morava num apartamento. Não tinha coragem, era feminina demais para fazer tal atrocidade consigo mesma. A maioria das notícias de suicídio é de homens, mulheres são inteligentes demais para tamanha burrice.
Revirava-se de um lado para outro. As horas não passavam e, no tenebroso silêncio que tomava toda a extensão do mundo em que ela se encontrava, entrecortado, não raramente pelos miados de alguns gatos se amando num telhado próximo, era capaz de escutar os ponteiros do relógio num agonizante tic-tac-tic-tac... Queria sonhar, sentir, queria morrer de prazer. Estava desesperada, tinha vontade de gritar, de ficar quieta, de arrancar os cabelos, de se jogar dentro da sua imensa agonia prazerosa.
A noite demorara passar. Não havia pregado os olhos por nenhum momento. Sentia-se cansado. Sentia um grande desejo de prazer que tentava sair de dentro do seu âmago, mas não conseguia. Quem dera se um homem chegasse de mansinho num belo cavalo branco e a possuísse como se fosse uma linda princesa grega. Ficou sozinha no seu canto revirando em sua cama, até que a campainha tocou. Levantou-se rapidamente, estava toda molhada. Talvez fosse o seu príncipe encantado. Lavou o rosto, trocou de roupa, não poderia sair daquela maneira, e foi atender ao príncipe encantado.
Não era o seu príncipe. Severino, o porteiro, avisava com sua voz estridente de nordestino maroto que Carmélia, sua colega de setor na empresa, estava esperando-a para irem ao trabalho. Seria mais um dia de muito serviço e nenhum prazer.
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