Era uma moreninha de grandes olhos negros; olhar altivo e longos cabelos negros. Seria mais um Conto de Fadas, se junto dela não houvesse um carrinho de bebê e uma criança dentro. Dezessete anos era a sua idade; dezessete anos de sonhos, esperanças e um longo futuro pela frente. Não, a esperança não acabou; mas resumiu-se ao futuro daquela criança, a menor, cuidada, com todo amor que lhe é devido, por outra de pouco mais idade.
Ela sentiu que era observada e olhou-me furtivamente Desculpei-me pela indiscrição e comecei a interrogá-la. Havia sido a sua primeira vez; nem sabia se gostava do parceiro, sentia atração e isso já lhes bastava. pensou que, por ser a primeira vez, não fosse capaz de engravidar. Não se preocupou com doenças, não se preocupou com nada; apenas sentiu a paixão e, como ela mesma disse, curtiu o momento.
Não perguntei pelo pai, não era necessário. Junto dela estavam a mãe e uma amiga; certamente não haveria um pai a quem recorrer, haveria de ser aquela mais uma criança órfã de um pai vivo. Ficamos a brincar com o bebê; eu como um pai a cuidar de um filho estranho, ela como uma menina a brincar de boneca, talvez sonhando com o momento em que um príncipe haveria de surgir num lindo cavalo branco, pegá-la nos braços e levá-la para o seu suntuoso castelo.
Certamente, este príncipe nunca haverá de chegar. Restarão-lhe apenas os sonhos e a esperança de que seu bebê cresça com saúde e alegria e, outro dia, quem sabe, possa lhe trazer, nos dias das mães ou no seu aniversário, um lindo buquê de flores e dar-lhe um caloroso abraço em forma de gratidão e amor.
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