CATRUMANOS
AO MEU AMIGO POETA JURANDIR BARBOSA
Não faz muito tempo, aqui mesmo nos Gerais, as crianças, filhas dos catrumanos, já nasciam peladas. Nas meninas vestiam-se calcinhas, enquanto os meninos eram criados à solta, peladões, com o pingolim balançando para lá e para cá; até os oito anos. Dessa forma, todos, tranquilos, brincavam e viviam.
Os meninos eram barrigudos e tinham a pele toda estralada. Andavam sempre gripados, com o nariz escorrendo e brincavam na terra, na água e na lama. Quando ganhavam uma manga, tudo virava festa e misturavam-se menino, catarro, terra, água, lama e futa.
Aos nove, vestiam cuecas e ganhavam uma bola dente-de-leite; se não, faziam-na com plásticos velhos ou meias furadas. As partidas aconteciam no terreiro ou nas ruas de terra todas esburacadas e cheias de pedras. Daí, vinham as quedas e com elas as perebas. Se pequenas, perebinhas e os que tinham muitas eram os perebentos. Estes eram mestres na arte de arrancar casquinhas de pereba; puxavam-nas devagarzinho, de um lado e de outro, numa tarefa minuciosa, até a puxadinha final. O troféu era a aguinha rala que escorria, acompanhada por uma dorzinha gostosa.
Depois, aos quinze, vestiam-se de shorts e faziam estilingues, com os quais passavam todo o dia embrenhados no mato, caçando atentação; até que a mãe, da porta da cozinha, envergando um vestido velho, sujo e rasgado, e um lenço na cabeça, gritasse:
- Vem comer, menino, disgramado! A comida tá esfriano!
Depois o homem chegava e o menino adormecia. O que ficava eram somente as lembranças de um tempo doce e puro.
Esse texto me fez recordar da minha infância... que saudade.
ResponderExcluirÉ meu caro, realmete o tempo de infância sempre permanece nos labirintos da nossa memória. Me lembrei da turminha nossa lá do Renovação buscando manga lá em João Polino e brincando nas "mangas" de Zé Lopes e Chiquitim Mamão......Abração!
ResponderExcluirAlex Sandro.....sigam-me: @Chavo_Brasil