segunda-feira, 19 de março de 2012

SOBRE A BRIGA DAS IGREJAS

SOBRE A BRIGA DAS IGREJAS 



       Lembro-me que quando menino sonhava em ser padre. Minha mãe levava-me à igreja todos os domingos para assistir à missa do padre Geraldo. Os protestantes existiam em pequeno número em minha cidade, e todos eram abonados. Rezávamos o terço quase que diariamente e eu gostava de cantar “Maria de Nazaré” e “Rosa Mística”, dois cânticos que há tempos não escuto mais. 
     Os tempos de religiosidade pura passaram, e a vontade de ser padre também. Hoje, após mais de vinte anos, depois de vários anos de estudo e vivência, continuo crendo na Religião, continuo com a crença de que o Deus salvador ainda haverá de nos salvar e que, este mesmo Deus, é quem nos guia ao melhor caminho. No entanto, já não tenho as mesmas convicções quanto á instituição eclesiástica, a igreja, enquanto pedra e gente.
      Ontem (Domingo), uma rede de televisão estava a esmiuçar os problemas e as supostas falcatruas de uma grande igreja protestante, com imagens, entrevistas, números e nomes. O problema maior é que a referida rede de TV é de uma igreja, concorrente da acusada, e que, por sua vez, é ré em várias acusações semelhantes. Não aproveito este espaço para tomar partido, não frequento uma ou outra. Sou católico, não atuante e sabedor de que também nesta instituição são muitos os problemas e os descaminhos.                      
     Conversando, nos tempos de faculdade, com o professor Mércio Coelho, exímio filósofo e bom papeador, cheguei à conclusão de que a fé é necessária, de que a crença em um Ser superior é fundamental, afinal, precisamos de um apoio em que nos apoiar, onde firmamo-nos em cada momento de fraqueza. O pecado é o fato de que muitas instituições religiosas aproveitam-se das fraquezas dos fieis para que possam ganhar dinheiro, tirar vantagens, promover-se diante dos seus iguais. 
     A fé é necessária, a religião idem; a igreja não é fundamental. Que cada indivíduo reúna-se com os seus iguais e reze, ore, converse com Deus - ou com o Ser em que acredite – não necessariamente debaixo de um telhado de vidro. Que seja debaixo de uma árvore, no interior de uma gruta, no meio-fio de uma calçada; mas que se reúnam com fé. 
     Continuo crendo. Continuo com a esperança que apenas com boas ações e unidos por um objetivo comum e altruísta seremos capazes de construir um futuro melhor e alcançarmos a vida eterna. Brigas, calúnias, confusões religiosas são coisas antigas, acontecimentos que acompanhamos desde pequenos nos livros escolares e que continuam a acontecer no nosso dia-a-dia. O mais importante é que não levemos tudo isso a sério e sejamos sabedores de que aqueles que comandam tais instituições são meros seres humanos, pobres mortais que, em algum momento, se perdem, e pensam que são deuses.
      Por isso, rezemos e abramos bem os olhos. Somente desta maneira seremos capazes de reconhecer quem verdadeiramente valha a pena seguir. Quanto à briga das instituições em questão: É o sujo falando do mal lavado!

Um comentário:

  1. É meu amigo, ótimo texto. Como protestante, deixo o meu apoio ao seu ponto de vista.

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