A
BELEZA DOLORIDA DO ENTARDECER
@ElismarSantos
O
horizonte escondia o sol, deixando entrever, por entre as nuvens, que
quase tocavam o chão, apenas os últimos raios que
subiam ao céu. Eram raios fracos, pálidos, mas ainda
dotados de encantadora beleza, pintados, como que à mão,
em cores azuis, violetas e róseas.
As
pessoas passavam apressadas e não tinham tempo para observar
àquela cena poética. Apenas eu, pobre mortal, tomado
por sensibilidade e tristeza, enamorava toda aquela inspiração,
enquanto seguia lentamente o meu caminho.
Ao
longe, algumas pessoas corriam. à minha frente, duas mulheres
gordas andavam de bicicleta; enquanto, atrás de mim, três
mocinhas voltavam da escola, contando casos de namoricos, de
adolescências, de puerilidades.
O asfalto enegrecido
acentuava ainda mais a beleza dos últimos raios solares.
Enquanto isso, todos seguíamos o nosso caminho; os outros
alheios à beleza do entardecer; eu alheio à vida e suas
ilusões, encantado pela tarde que partia e apaixonado pela
noite que chegava lentamente, feito a dor que nasce no peito.
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