DIA
DE CLÁSSICO
ELISMAR SANTOS
Ontem foi dia de
Clássico na capital. As torcidas em polvorosa, os jogadores em ritmo de
concentração, a imprensa correndo para um lado e para outro. No interior também
tinha Clássico, mas numa toada diferente, sem alarde, sem pressa, sem exageros,
porque tudo isso faz mal ao sertanejo.
Primeiro tinha o
almoço com a família, porque, antes de tudo, vêm as coisas de Deus. Um
franguinho caipira, com quiabo; arroz de forno, feijão tropeiro e uma
cachacinha para abrir o apetite. Depois, uma caminhadinha pela praça da matriz,
que é para fazer o quilo e colocar as conversas em dia. Daí sim, vai-se ao
grande clássico.
O jogo é pela
televisão e a reunião em um dos barezinhos da cidade. Não há torcida única ou
demarcação de território. Sentam-se todos juntos pelas mesas espelhadas. Um,
mais apressado, levanta a mão e chama o garçom; pede uma cerveja e o papo
começa. Os palpites são muitos e os resultados vários. A balbúrdia é intensa,
mas se finda com o apito inicial.
Jogo tenso, intenso.
Os torcedores com o coração acelerado e garrafa passando de mão em mão. O tira-gosto do lado,
que e para não faltarem as forças. Os gols saem rápidos, rasteiros,
empolgantes. Não tem brigas, apenas provocações, gozações, gritos de gol. A
polícia passa, apenas para garantir a ordem; a ambulância desce a rua, sem
correria, sem sirene, numa ronda rotineira. O tempo voa e a vida passa.
Finda-se o clássico.
Não há vencedores nem vencidos, apenas a impressão de que aquele foi um jogo
bom, como os clássicos de outras épocas. Um pequeno grupo se reúne junto à
porta, para fazer a resenha final; conversam alto, alterados pela loirinha,
enquanto outros seguem para casa. Ainda tem a missa; o jantar e, depois,
dormir, porque não é todo dia que a cidade passa por tanta badalação.
CORAÇÃO DE JESUS MG X PIRAPORA MG
ResponderExcluirCem anos de diferenças.
Duas cidades do Norte de Minas próximas de completar 100 anos de emancipação política, duas cidades distintas. Distintas por quê? As duas não vão completar cem anos? Esta e uma pergunta que ecoa de algumas pessoas quando indago a respeito. Na verdade as duas completarão cem anos, mas os rumos tomados por cada uma delas, são diferentes, leva-nos a refletir por que uma evolui tanto, e a outra continua na mesmice.
Ao analisar a real situação das duas, me deparei com uma grande diferença, por que Pirapora e mais evoluída que Coração de Jesus? Óbvio, seria uma pergunta fácil de ser respondida, por qualquer cidadão de ambas as cidades. “Pirapora é banhada pelo rio São Francisco, tem o turismo ao seu favor” outro diria “Pirapora teve a estrada de ferro que contribuiu para o progresso da cidade...” E Coração de Jesus, o que tem? Na verdade Coração de Jesus, não e banhada pelo rio São Francisco, e nem sequer teve estrada de ferro, ou até mesmo BR cortando a cidade, para contribuir para o seu progresso. Mas se tivesse isto ao seu favor seria uma cidade evoluída? Acredito que isto só não bastaria... O fato de uma cidade ter muitos recursos ao seu favor não quer dizer que esta cidade, se tornará uma cidade de progresso, Pirapora teve estes benefícios ao seu favor, mas teve também pessoas que souberam explorar estes benefícios para a evolução da cidade. Muitos foram os projetos implantados em Pirapora, para torná-la uma cidade de médio porte que é hoje.
Já Coração de Jesus, também teve, e ainda tem recursos, que se fossem bem explorados, poderiam ter deixado a cidade no mesmo nível de Pirapora, ou num patamar melhor, mas não houve pessoas compromissadas com o seu desenvolvimento, uma região rica em sítios arqueológicos, rios, tudo isto poderia ter sido explorado e contribuído para o seu desenvolvimento, mas devido à falta de interesse dos governantes a cidade não se desenvolveu. Acredito que se a riqueza da cidade tivesse sido explorada, a população corjesuense hoje, estaria desfrutando de uma boa economia, tendo a cidade como ponto turístico e uma boa infra-estrutura.
A realidade está aí para todos verem, pois Pirapora, prestes há completar cem anos, com muitas histórias e progresso para comemorar, enquanto isto, Coração de Jesus com toda a sua história, prestes também a completar cem anos, nada tem para mostrar.
Autor: Dionísio Alves Lima
Professor e Blogueiro.