Arranjei
um violão emprestado, junto à minha cunhada, com a
finalidade de aprender alguns acordes. O encordoamento estava
estragado, por isso comprei um novo e pedi ao Beatismar que fizesse a
troca dos mesmos. Isso faz já uns cinco meses e ainda não
aprendi nem mesmo a segurá-lo. De início, procurei
algum professor que se habilitasse a lecionar algumas aulas a esse
velho papagaio; não achando, concluí que o melhor seria
comprar um CD com aulas gravadas e colocá-las em prática
por conta própria. Ainda não o comprei.
A
verdade é que sou como todo brasileiro: deveras enrolado.
Deixo tudo para a última hora. Meus textos, escrevo-os no
apagar das luzes; não releio, logo, não corrijo seus
erros; mando-os ao ar da mesma forma que vieram ao mundo. Ainda bem
que, até agora, não me fizeram maiores reclamações.
Uma minha vizinha, certa feita, viu na TV que o outro dia seria de
chuva e, por isso, sabia que deveria lavar as roupas o quanto antes.
Não o fez e deixou as peças para serem lavadas no outro
dia. A chuva caiu desde a madrugada e ela, assim como os seus, se viu
obrigada a perambular pela casa apenas com as roupas de baixo. Nem
ela ou o marido foram trabalhar naquele dia.
Da
minha parte, não digo que não tenha tentado. Quando
sozinho, pego do instrumento e ponho-me a dedilhá-lo. Já
conheço algumas poucas notas, mas confesso, aprendi apenas
algumas notinhas básicas e, certamente, dificilmente tocarei
alguma moda, por mais simples que possa parecer. Tenho a paciência
e o pavio curtos. Daqui a pouco o encosto a um canto e só
torno a encontrá-lo no dia da devolução. Por
isso, hei de ficar apenas na platéia, escutando as velhas
modinhas, vislumbrando o dedilhar poético dos violeiros e seus
vilões, criando histórias para serem contadas neste
pequeno espaço. Não me entristeço, apenas penso
que, assim como a minha vizinha, uma hora poderei ficar apenas com as
roupas de baixo, tudo por conta de um violão, de um texto, ou
por causa de minha mania de brasileiro. Será?!
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