segunda-feira, 16 de abril de 2012

A LOUCURA DE CADA UM


A LOUCURA DE CADA UM



Acreditem, ontem bati um longo papo com um louco. Estava eu sentado de frente à minha casa, conversando com o amigo Dionísio, quando ele chegou. Não quis se aproximar, encostou-se em um carro que estava estacionado por ali e fez o sinal para que me aproximasse. De início tive receio, mas, com o tempo, tudo aquilo se transformou em uma animada conversa.
É verdade também que quase nada do que ele disse tenha sido entendido por mim, a não ser a indagação sobre os meus pais, as lembranças de quando eu era criança e outras coisas passadas. Depois, cansado de toda aquela tagarelice e sabedor de minha ignorância, virou-me as costas e se foi.
Terminei a conversa com o Dionísio e entrei para casa; só então me peguei a pensar sobre a loucura daquele homem. Segundo consta, era um homem inteligente e com grandes habilidades e, de uma hora para outra, endoideceu, saiu de casa e pôs-se a perambular pelas ruas, todo sujo, sempre conversando, talvez com o seu subconsciente.
Não sei se ele é realmente doido. Talvez nós sejamos os loucos, assim como no famoso caso do Alienista de Machado de Assis; afinal, a linha que separa a sanidade e a loucura é bastante tênue. E que somos nós para afirmarmos o que é a loucura, se nunca estivemos lá para comprovar! Ou já!?
Certo dia, ao desembarcar na rodoviária, voltando de Brasília, numa madrugada fria, defrontei-me com um andarilho. Conversamos por longos minutos sobre a sua vida. Não me disse muitas coisas, apenas que era um louco que estava indo para Januária. Não disse de onde vinha e nem para que seguia, apenas reafirmava: “Eu sou um doido. Só isso, um doido!”.
É engraçado, mas não sei se seria ele mesmo o louco.Talvez seja apenas um ser liberto, a perambular pelo mundo em busca de um sentido junto ao qual possa se prender, para, finalmente, posar de lúcido diante de toda a sociedade. Afinal, não somos lúcidos para nós mesmos e sim para os outros que nos assistem e julgam. Apenas isto!

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