quinta-feira, 12 de abril de 2012

RECORDAÇÕES

RECORDAÇÕES



Algumas coisas acontecem por acaso, sem que a gente espere ou faça menção de ao menos sonhar. A primeira rádio na qual trabalhei chamava-se CENTRAL FM. Não havia hora e nem salário para trabalhar; ficava por ali a espera de uma vaguinha no microfone e pronto.
 Quem me arrastou para o teste foi Robertinho. Eu estava em casa estudando quando ele chegou, falou da rádio e disse que era pra eu fazer o teste. Fomos; ele confiante, eu à deriva. O teste foi uma “nota de falecimento”. Fui aprovado e tornei-me locutor de rádio.  
Depois veio a ANTENA FM. Agora com salário; ínfimo é verdade, mas uma paga pelos serviços prestados. Era uma rádio da oposicionista; um dia entregaram, veio a polícia e confiscou a aparelhagem. Vivíamos correndo de um lado para outro, mas o que valia mesmo era a aventura do rádio.
Mais tarde ainda, surgiu a 106 FM. Legalizada e potente; abrangendo toda a região. Fiz o teste; fui aprovado e, acreditem, permaneci por mais de ano na emissora, constando na carteira de trabalho o título de LOCUTOR ANUNCIADOR. Depois voltei mais algumas vezes, mas nada tão sério como dantes.
É incrível como a partir de um simples teste, uma pequena e triste “nota de falecimento” toda uma vida tenha se construído. Foram anos de aprendizagem, de diversões, de amizade, de paixão radiofônica. Foram anos de crescimento, pelos quais também passara o meu amigo Alex. De menino tímido em Coração de Jesus a locutor e professor em São João da Lagoa. Mas, daí, então, são outros quinhentos, outras histórias que apenas com o tempo se há de contar.
O certo mesmo é que a 106 continua de pé, com os mesmo locutores de antigamente; São João da Lagoa em franca ascensão, enquanto o Alex e eu relembramos os tempos de rádio e traçamos novos caminhos, ele em torno da lagoa, olhando os peixes e sentido o vento a beijar-lhe a face; eu no meu cantinho, apenas observando e narrando as histórias que se há de contar. 

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