A FELICIDADE
PERDIDA
@ElismarSantos
Toda a louça a ser lavada; a
comida ainda por fazer; a casa para arrumar; as crianças para
cuidar; o marido para bajular. Tudo para ser prontamente acabado e
ela, deitada sobre a cama, olhando o tempo, como se nada mais
importasse, nada além de sua vida e seus pensamentos.
O marido
chega do trabalho e indaga sobre aquele marasmo. Os filhos chegam do
fundo do quintal, onde brincavam de casinha, perguntando pela comida.
Ela olha para a casa bagunçada e chora. E sai-lhe um choro
triste, magoado; choro de mulher cansada da terrível rotina
doméstica.
Não é
domingo, mas a preguiça toma conta do seu corpo. Seus pés
doem desmedidamente; suas costas ardem; suas mãos suam, quase
ao ponto de levá-la ao desespero. O marido não ajuda;
senta-se em frente à televisão e põe-se a
ver o telejornal. As crianças voltam para o quintal, a espera
de que a comida fique pronta logo.
O cachorro late
no portão; os carros passam; o menino grita "Olha o
pão!"; as meninas descem para a rua debaixo. Tudo isso
enquanto uma profunda tristeza toma conta do seu âmago. Tanto
tempo fazendo as mesmas coisas, os mesmos e intermináveis
serviços de casa e o marido nunca lhe agradecera; não a
levara a um bom restaurante, uma festa, um passeio qualquer. As
crianças não lhe dão mais os beijos e abraços
de antes, apenas pedem (e como pedem!).
Ela sente-se
cansada, exausta, esgotada! Podia jogar tudo para o alto, meter o pé
no balde; sair porta à fora e nunca mais voltar. O sono
começava a bater-lhe nos olhos. Levantou-se, pegou do avental
e voltou a trabalhar. No rádio tocavam uma música
linda. Era a sua música, a trilha sonora dos tempos em que
conhecera a felicidade, para depois perdê-la detrás de
um avental surrado!
Temos que valorizar cada vez mais nossas esposas, serviço de casa não é fácil. agradeço a Deus pela esposa q tenho.
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