A pior parte de ser poeta não são os pedidos de poesia
ou as dúvidas quanto à veracidade dos versos. Também não é nenhum precipício as
pessoas ficarem olhando para a gente como se os poetas fôssemos seres de outro
mundo, dotados de inteligência incomum; capazes de fazer um poema a qualquer
hora do dia. Embora não sejamos nada disso. A poesia é uma inspiração; às vezes
fico assentado de frente o papel por toda uma manhã e não escrevo bulhufas;
noutras; tenho que parar a moto a um canto da estrada para anotar um verso, ou
toda uma poesia... O pior é ter que lidar consigo mesmo.
Falo por mim, poeta mínimo e sem maiores
conhecimentos da causa; mas, acredito que também seja assim com a maioria dos
poetas, iniciados ou veteranos: pensamos, sonhamos, divagamos demais. A verdade
é que minha mente parece quase que um turbilhão de idéias, ainda que, na
maioria dos casos, quase não as coloque em prática, lapido-as, redijo-as
mentalmente,ou, simplesmente, deixo-as quietinhas a um canto da cachola.
As lembranças são várias. A mais remota, dos tempos
de infância, leva-me ao quatro anos de idade, quando ia com meu pai ao boteco
do Fabiano; quando brincava de revolverzinho de esguichar jatos d’água e quando
tiramos a foto do quadro, no Fred’s bar, ainda do Seu Florentino. E estas lembranças me fazem nostálgico e faz pensar
o quanto a felicidade passa rápido em nossas vidas, restando-nos apenas a
realidade.
Mas também vêm as más recordações, dos momentos
ruins, das perdas e suas sensações. Lembro-me da vizinha que encontrei morta
sobre a sua cama, de braços abertos e olhos fechados; do velório do meu avô e
do meu tio, no mesmo dia, na mesma casa, com minha avó chorando em meio aos
dois. Recordo-me dos amigos que se foram, ainda jovens, ainda muito cedo; dos
amores que não eram, nunca foram, e, ainda assim, perderam-se pelo caminho.
E, de lembrança em lembrança, sobre cada recordação,
o poeta vai construindo a sua poesia, montando o seu dia, desvendando as
nuances do seu futuro. A cabeça, um turbilhão de emoções e pensamentos,
deixa-se guiar pelo coração, como se a razão fosse apenas um mero detalhe,
quase que insignificante, e, eis que, então, brotam-se as poesias, feito belas
flores nalgum jardim perdido em nossa alma, do nada. Do nada.
Meu caro prof. com toda razão, de 40 anos de poeta, com mais de 300 poemas, faça a conta como demorou em escrever tão pouco em tantos anos, A verdade tua palavra, parabéns prof. e amigo.
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