Patrick não sentia dores ou qualquer seqüela clara do
incidente com a bola de fogo, apenas uma sensação estranha tomava conta do seu
corpo, como se algo diferente tivesse acontecido e seus hormônios estivessem em ebulição. Mas nada
que o estranhasse, nenhuma ferida, nada de arranhões ou mesmo qualquer mancha
diferente tomara o seu corpo. Por isso, depois de algum tempo em observação, os
médicos liberaram-no para voltar à casa materna.
Durante as primeiras horas a mãe se preocupara
bastante, mas, como de costume, depois de algum tempo, tudo voltou ao normal, e
o menino voltara a brincar na área do Portal. Dessa vez, não fora sozinho, o
Elias foi chamado para brincar com Patrick. Aquele era o filho da vizinha, com
a mesma idade deste.
Brincaram por toda a tarde, até que as mães chamassem
para o banho e o jantar. Elias e Patrick despediram-se, com a promessa de, no
outro dia, retomarem a brincadeira. Aquele, cheio de esperanças; este, com
alguma reticência, talvez com a impressão de algo estivesse por acontecer. E talvez fosse esta a primeira seqüela, o
primeiro efeito do incidente: Patrick desenvolvera uma enorme capacidade de
previsão, algo que as mulheres chamam de sexto sentido, mas que o menino nem
sabia da existência.
A noite foi longa, com o garoto sentindo calafrios e
uma terrível e incessante febre. Por algumas vezes tentara chamar pela mãe, mas
era inútil, a voz não lhe saía e não tinha forças para se levantar, ir até o
quarto dos pais, buscar por ajuda. Aquietara-se, então, a espera do que poderia
acontecer e ficou olhando para o teto, como se a qualquer momento alguma coisa
descesse pelo telhado e viesse ao seu encontro.
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