quarta-feira, 21 de maio de 2014

O NASCIMENTO DO PATO (3)

De manhã, ao acordar, Patrick não sentia qualquer coisa estranha. Amanhecera como num dia qualquer, já atrasado para ir à escola, como acontece com qualquer outra criança. Por isso, levantou-se rapidamente da cama e foi ao banheiro, lavou-se e desceu para o café. No telhado do quarto nenhum buraco, nenhum sinal de luz ou bola de fogo.

A mãe veio sorridente, deu-lhe um beijo e perguntou pela noite. Pensou em dizer-lhe do acontecido, mas, isso a iria assustar, era melhor que se calasse. Mas algo lhe parecia estranho naquela manhã; a mãe havia feito um café especial, e isto não era comum em casa. Sempre tomavam café com leite e um pedaço de bolo. Agora, a mesa estava farta, com frutas, nozes e um monte de outras coisas.

- Tem alguma coisa diferente hoje, Mãe? – Perguntou o menino, espantado.
- Não, meu filho. Apenas quis fazer um café diferente.

O pai também parecia não entender nada, mas, tomava o seu café silencioso, como sempre fizera durante tantos anos de casamento. Era um homem simples, cabisbaixo, desprovido de qualquer aparente inspiração, ou aspiração. Era apenas um homem, e isto parecia já lhe bastar.

 Patrick pegou a xícara, pôs um pouco de café com leite. A mistura estava quente, melhor soprar para não queimar a língua. E, num único sopro, a xícara partiu-se ao meio, e o café com leite espalhara-se por toda a cozinha. O pai arregalou os olhos, mas não disse nada. A mãe, assustada, perguntou:

- O que aconteceu, meu filho?!
- Não sei, mãe. Fui assoprar o café e a xícara se quebrou.
- Deve ter sido a quentura que trincou a xícara. Já não se fazem mais louças como antigamente...


E continuaram com o café da manhã. Patrick achou melhor não assoprar mais o café. Tomava-o quente, com medo de que não fosse a louça quem estivesse com problema. Talvez fosse ele quem estivesse passado por alguma transformação.  O menino sempre gostara de televisão, desenhos animados, super-heróis e cria piamente que eles existiam: Batman, Superman, Flash. E a sua cabeça virava um turbilhão de imaginações, até que a mãe o chamara para irem à escola.

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