quinta-feira, 15 de maio de 2014

O NASCIMENTO DO PATO



Simplesmente, para algumas coisas, não há explicação. E, por mais que tentemos encontrar o óbvio, isto nunca haverá de acontecer. E assim foi com ele, o Pato. Ninguém nunca o entenderia, seria sempre o incompreendido. Alguns até o respeitavam, mas, para a maioria, era somente mais uma chacota. Por isso, fazia aquilo; por isso, queria mostrar que não era pior, nem melhor que todos os outros.

Era uma manhã ensolarada de alguma segunda-feira, porque toda estória que se preze deve começar numa segunda-feira. Assim, também o céu tem que estar tomado por um majestoso sol amarelo. Pois que as águas da lagoa brilhavam bonitas com aquela estrela jogando todos os seus raios sobre elas, enquanto apenas uma criança brincava nas áreas brancas da praia, bem ao lado do portal.

Aquela criança, um menino feio, de pouca idade e calças curtas, corria de um lado a outro, sob o olhar atento da mãe, que cozinhava o frango seco, a ser servido no almoço dos turistas que por ali rareavam a cada dia mais. Patrick- e  este era o nome do menino -  não se preocupava com turistas ou com o frango que derretia na velha panela de pressão. Apenas brincava na areia quente, e isto já lhe era suficiente.

De repente, uma luz branca cortou o céu naquela manhã. Era como uma bola de fogo que descia desgovernada dos confins do universo. Ninguém sabia o que seria aquilo. Alguns estudiosos disseram ser um disco voador; outros que era algum cometa ou meteorito que caía do céu. E havia ainda aqueles que diziam ser aquilo o primeiro sinal do apocalipse. Patrick não sabia o que era aquilo, mas sentiu as suas consequências.

A bola de fogo desceu rapidamente, com um barulho quase ensurdecedor, e, ao bater no chão, soltou raios estranhos que causaram uma sensação dolorosa no corpo do pobre menino, que, violentamente, fora jogado contra um dos coqueiros que rodeavam o Portal. Patrick adormeceu, enquanto a bola de fogo foi se esvaindo, rapidamente, até se transformar numa mínima bolinha de gude.
A mãe veio rápida e pegara o menino nos braços; levou-o até o posto de saúde, já temendo pelo pior. Aquilo tudo fora estranho, o menino não tivera qualquer ferimento ou sequelas, como se nada houvesse acontecido. Como se nenhuma bola tivesse caído, nem qualquer força o tivesse dominado. Mas aquilo seria apenas o início de uma grande mutação.

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