quarta-feira, 23 de julho de 2014

NA HORA DO CAFÉ

-Pronto.

-Alô. É o Elismar Santos?

- É ele.

- Pô, cara. Você é difícil de encontrar, hein, velho!

- Quem “tá” falando?

- O negócio é o seguinte... Sou seu fã de carteirinha. Tenho seus três livros e por causa deles decidi ser poeta também...

- Mas o negócio não é tão assim, assim...  Você escreve alguma coisa?

- (Uma pequena pausa) Não. Não escrevo nada. Mas, depois de você, qualquer um pode escrever qualquer coisa...

- Não entendi.

- Velho, quando um poema que diz “A pá lavra a terra/ em cujos sulcos/ ir-nos-emos/ um dia cultivar” é chamado de poesia, qualquer coisa pode ser vista assim também. Ou não?!

- Peraí! Quem “tá” falando?!

- O “Mutante” ainda foi bom, cara. Assim como nos “Senharó” você fez um bom trabalho. Mas, no terceiro, você deixou a peteca cair!

- Primeiro: os livros são “Mutação” e “Sanharó”. Segundo: a Crítica tem  elogiado bastante o “A Pá Lavra”. E, pra completar, eu não tenho que te dar qualquer explicação sobre eles. Se você quiser, escreva. Depois, veja se presta o que escrever, mas, me deixa em paz.

- Pô, velho! Ficou nervoso?! Apenas quis te dar uma crítica construtiva... O sucesso já subiu pra cabeça. Por isso não vira Best Sellers; por isso não vai pra Academia; por isso continua dando aulas de Português. Kkk...


- Tchau (e desliguei o telefone). 

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