-Pronto.
-Alô.
É o Elismar Santos?
- É
ele.
-
Pô, cara. Você é difícil de encontrar, hein, velho!
-
Quem “tá” falando?
- O
negócio é o seguinte... Sou seu fã de carteirinha. Tenho seus três livros e por
causa deles decidi ser poeta também...
-
Mas o negócio não é tão assim, assim...
Você escreve alguma coisa?
-
(Uma pequena pausa) Não. Não escrevo nada. Mas, depois de você, qualquer um
pode escrever qualquer coisa...
-
Não entendi.
-
Velho, quando um poema que diz “A pá lavra a terra/ em cujos sulcos/
ir-nos-emos/ um dia cultivar” é chamado de poesia, qualquer coisa pode ser
vista assim também. Ou não?!
-
Peraí! Quem “tá” falando?!
- O “Mutante”
ainda foi bom, cara. Assim como nos “Senharó” você fez um bom trabalho. Mas, no
terceiro, você deixou a peteca cair!
-
Primeiro: os livros são “Mutação” e “Sanharó”. Segundo: a Crítica tem elogiado bastante o “A Pá Lavra”. E, pra
completar, eu não tenho que te dar qualquer explicação sobre eles. Se você
quiser, escreva. Depois, veja se presta o que escrever, mas, me deixa em paz.
-
Pô, velho! Ficou nervoso?! Apenas quis te dar uma crítica construtiva... O
sucesso já subiu pra cabeça. Por isso não vira Best Sellers; por isso não vai
pra Academia; por isso continua dando aulas de Português. Kkk...
-
Tchau (e desliguei o telefone).
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