Talvez
você nem se lembre mais da Gilda, por isso, leia o texto homônimo, do dia 16 de
junho, neste blog. Pois bem, fiquei sabendo, por fonte segura que, talvez, a
Gilda vá se casar. Fico feliz por ela, mas, sobretudo, fico feliz pelo seu
felizardo. É verdade que nem o conheço, afinal, não o vi, apenas ouvi as suas
lamúrias apaixonadas ao telefone, numa dessas noites frias de Junho. Mas,
parece que o amor venceu a dor, e a Gilda irá se casar.
Enquanto
escrevo estas linhas, fico imaginando o quão sofrido foi o caminho do nosso
herói, até que a mocinha aceitasse o seu apaixonado pedido. Com parcos
pertences, além de uma bicicleta e míseros vinte reais no bolso, ele a
conquistara mais pela sua força de vontade, pela sua perseverança, pelo seu
amor verdadeiro. E, certamente, viverão assim, apaixonados, até que a morte –
ou algum outro valente cavalheiro apaixonado – os separe.
Por
questões burocráticas, o casamento ainda não estaria marcado. Primeiro, deve-se
dar entrada com os papéis no cartório; depois, esperar-se-á mais alguns dias,
até que tudo fique pronto; e, depois, o principal... Que deveria ser antes,
mas, acho que, tomado pelo mesmo torpor alcoólico da apaixonada noite junina, o
nosso herói deve pedir à mão da sua amada.
De
acordo com o meu interlocutor, o amante de Gilda estaria embriagado ao pedir as
informações sobre o casório. Mas, isso é coisa de pouca monta, afinal, o amor é
mesmo um entorpecente à alma e, convenhamos, entre a embriaguez do álcool e do
amor não há qualquer diferença que valha. O mais importante é que ele a ama e,
não menos, que ela bote fé nele. De resto, que falem as más línguas; que pensem
o que quiserem, ele haverá de amá-la para sempre.
E
assim, depois de casados, Gilda será levada para o seu rancho de amor, onde
ambos viverão felizes para sempre. Ele cortando lenha, carpindo roças, aboiando
gados alheios; ela lavando roupas, cozendo no fogão à lenha, cuidando dos
filhos, que brincam felizes na terra barrenta do quintal. O litro de pinga
tilintará a um canto da cozinha, à espera do anoitecer, quando as crianças
dormirão e os dois, apaixonados e felizes, após um derradeiro trago da maldita,
haverão de amar-se como há muito não se ouve dizer por estas bandas do norte. E
serão felizes, como deveriam ser todos os casais enamorados.
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