segunda-feira, 7 de julho de 2014

O FUTEBOL DE ONTEM E HOJE

Você que é muito jovem talvez nem saiba, mas, o futebol naquela época não era coisa de homem. Era coisa de menino, de craques, com habilidade e malemolência. Não existiam os superatletas, que tanto abundam por aí. Havia, sim, os caras saudáveis, que aguentavam correr durante os 90 minutos, sem deixar cair o ritmo da partida. Mas os jogos não eram tão rápidos, nem tão violentos, nem tão feios. Eram plásticos, emocionantes, instigantes.

Na década de 90. Quando eu ainda era criança, o futebol já pensava em decair; mas, acredite, ainda existia beleza dentro das quatro linhas. Craques como Romário, Bebeto, Neto, Éder Aleixo, Ronaldinho, sabiam como tratar a redonda, com carinho, com respeito, com autoridade. E era assim que, todas as tardes, de sábado ou domingo, eu escutava, na voz de Willy Gonser, pelas ondas da Itatiaia, os jogos do Galo, com Taffarel, Márcio Santos, Paulo Roberto Prestes, Gutemberg, Doriva, Valdir Bigode... Enquanto corria, com uma bola de meia, todo o quintal da minha casa.

Durante a semana, brincávamos pelos campinhos de várzea da cidade, com bolas “dente de leite”, bolas de meia ou capotões, chutando tocos, pedras, areia e mato, sonhando em ser jogadores de futebol. Não pensávamos em ser fortes, bonitos, viris. Queríamos apenas jogar bola, driblar, dar uma caneta, um chapéu, um elástico. Sonhávamos em ser os donos do espetáculo.

De todos nós, nenhum chegou a qualquer grande clube de futebol. Jogamos, por muito tempo, em times de várzea, pelos campinhos da região: Real Madri, Manchester, União, Lion. Talvez o Fabrício pudesse ter sido um bom jogador; o Jélson era muito voluntarioso; o Tinca sempre fora um matador; o Bim tinha tudo para deslanchar... Mas ficamos com o amadorismo dos sonhos e a sabedoria de que tudo era uma grande brincadeira.


Você, que é muito jovem, talvez creia que o Neymar seja um dos nossos melhores jogadores de todos os tempos; que Cristiano Ronaldo seja um deus do futebol, que o Messi seja insuperável. Mas, acredite, o futebol não é mais o mesmo. Hoje temos máquinas jogando futebol, antigamente, tínhamos jogadores brincando com a bola nas quatros linhas. Não digo que estes ou aqueles sejam melhores ou piores, mas, tenho a certeza de que a magia do futebol, esta, há muito vem se perdendo, nas modernidades desta vida.

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