Sentado no velho banco da
praça, ele olhava o movimento. A missa ainda não terminara, mas alguns já
tomavam cachaça e conversavam fiado numa das barraquinhas. O carro das flores
já esperava pelos namorados, que haveriam de comprá-las para suas namoradas,
enquanto as barraquinhas do lanche e do beju ainda estavam sendo montadas.
O sol fazia tempo que já
saíra, mas ainda fazia frio. Algumas senhoras compravam as folhas para o
almoço, ainda vestidas de blusões e com brancos lenços na cabeça. No banco ao
lado, dois homens conversavam amenidades. Falavam da vida alheia, contavam piadas,
assoviavam a menina que, a cada volta pela praça, passava montada na sua
bicicleta, vestindo um shortinho que mal lhe tampava a bunda.
No banco à direita, um
rapazinho entretinha-se com um aparelho celular, enquanto ria baixinho, quase
silencioso, e conversava consigo mesmo. Os dedos mexendo-se nervosamente. Certamente
que não via qualquer pessoa que por ali estivesse, não tinha fome, não sentia
sede e nem mesmo avistava as pernas da menina que a todo instante passava a sua
frente.
Sentado no velho banco da
praça, ele olhava o movimento. A igreja não estava totalmente cheia e, dos que
estavam lá, muitos estavam ávidos por saírem à praça, tomar um pinga, pitar um
cigarro, conversar uma besteira qualquer.
A mãe da menina que andava
de bicicleta com as pernas à mostra, certamente, estaria na igreja, rezando
pela filha, esperando que nada de mau lhe acontecesse. Os homens do banco ao
lado, senhores da melhor extirpe, confabulavam besteiras, enquanto viam-na
passar. O rapazinho do celular em punho continuava sorrindo com os dedos em céleres
movimentos.
A manhã passava lenta,
enquanto os cachorros espiavam as barraquinhas, esperando por alguma migalha de
pão ou um naco de carne. Um bêbado despejava um pouco de pinga ao santo,
enquanto alguns meninos corriam em meio às arvores, tropeçando nos blocos,
chutando as sementes que caíam.
As senhoras, com suas folhas
em mãos, foram cuidar do almoço dominical. Findada a missa, a menina da
bicicleta, com as pernas de fora, seguira para casa com sua mãe, enquanto os
homens do banco ao lado comiam seus lanches e falavam besteiras. O rapazinho
continuava entretido com o seu aparelho, enquanto ele, sentado no velho banco
da praça, desanimava-se um pouco mais.
Vi a cena. É assim mesmo que acontece. E os rapazinhos de hoje realmente preferem os celulares. :) Muito bem descrito.
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