Hoje, me peguei
pensando em Gilda. (E quem ainda não teve o prazer de conhecê-la, por favor,
retorne aos dois textos que fiz para ela, pesquisando na caixinha de pesquisa,
bem acima, ainda nesta página) Fiquei pensando sobre o que terá acontecido com
ela e o seu namorado. Terão os dois se casado, ou será que o roxo amor do
embriagado Romeu não passava de delírios alcoólicos?
Se casados estiverem,
será que ele cumprira as suas promessas? Será que ambos se tratam, ainda, por
apelidos carinhosos, ou será que já se chamam apenas por “ou”? Ainda me vêm à
ideia as tantas fisionomias de Gilda, afinal, quantas Gildas devem existir
neste mundo, sendo amadas por bêbados amorosos capazes de vender tudo que têm,
ou mesmo o que não lhes pertence, para juntar-se ao seu amor!
Soturnamente, sou
poeta. E, enquanto poeta, como ofício, tendo a imaginar toda a maldita poesia
agreste no amor da pobre Gilda. Por isso, enquanto fecho os olhos, em busca de
alguma derradeira imaginação, posso encontrá-la com os cabelos desgrenhados
preparando já o jantar, com a barriga toda suja, encostada num velho fogão à
lenha, numa mísera casinha de adobe, enquanto o seu esposo, embora nunca tenham
se casado de verdade, pois “amigado com fé, casado o é”, tira o último forno de
carvão.
Talvez Gilda já tenha
filhos. Pode ser que ela já traga, arrastados na barra da saia, dois
catarrentinhos, que brincam o tempo todo no quintal, pelados e com a pele toda
acinzentada. Quem sabe Gilda ainda traga um outro molequinho na barriga. E este
não há de ser o último, afinal “Deus sempre ajuda a criar”. E, desse jeito,
tenho a certeza de que ela é feliz. Assim são todas as Gildas que por aí
existem, embora com fisionomias diferentes, com pensamentos e ideais distintos,
mas todas sabedoras de que o amor ainda é o melhor remédio para todas as
desventuras.
Talvez Gilda tenha se
casado. Mas, pode ser ainda, que o nosso desgraçado Romeu tenha adormecido
embriagado no passeio, naquela noite fria em que fizera tantas juras a sua
amada. E, no dia seguinte, nem mesmo se lembrasse de quem realmente era Gilda;
enquanto a pobre amante esperava, toda cintilante, pela chegada do seu príncipe
encantado.
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